Os países europeus em dificuldades, como a Grécia ou Portugal, e as suas populações são muitas vezes apontados como os maus da fita, irresponsáveis que vivem acima das suas posses. Dos bancos e do sistema financeiro, coitados, diz-se de forma eufemística que são vítimas de uma crise de confiança. No entanto, quando há um problema com um banco, são os Estados que vão logo em socorro do aflito, certamente por razões altruístas. Então e os depositantes? – perguntam com lágrimas de crocodilo. E face ao dilema ame-os ou deixe-os, escolhem a primeira alternativa.
É isto que se está a passar com o Dexia. Em risco de queda, o banco franco-belga recebeu logo as salvadoras garantias de Paris e Bruxelas.
Moral da história ou, já agora, como se diz em grego, ó mytos dêlói: os irresponsáveis não são só os governos e os malandros não são só os gastadores dos portugueses, irlandeses, gregos, italianos, espanhóis e outros que estão à porta. Os bancos e o sistema financeiro também meteram a pata na poça e de que maneira. No balanço entre o financiamento da economia real e a especulação, ganhou a segunda. Daí que, tanto mais do que os países, também precisem de umas ensaboadelas e de que alguém lhes diga que acabaram as ilusões.