Se dependesse de José Medeiros Ferreira, o comissário da Energia, o alemão Guenther Oettinger, já tinha sido devolvido à procedência. Aliás, Medeiros Ferreira vê na resposta de Barroso a este episódio o seu momento mais negro como presidente da Comissão. Não sei se a provocação de Oettinger numa entrevista ao tablóide Bild em 12 de Setembro vale tanta indignação. Nessa entrevista, Oettinger propôs que as bandeiras dos países com défices excessivos fossem postas a meia-haste como forma de dissuadir novos desvios.
Aqui-d’el-rei disseram por outras palavras 151 dos 736 eurodeputados de todos os grupos políticos e de 21 países numa carta ao presidente da Comissão, exigindo ao comissário da Energia que se arrependa ou então que resigne. Entre eles, nove dos 22 eurodeputados portugueses: os socialistas António Correia de Campos, Edite Estrela, Ana Gomes, Elisa Ferreira e Luís Paulo Alves; Maria do Céu Patrão Neves, do PSD; os bloquistas Marisa Matias e Paulo Portas; e o independente Rui Tavares. Claro que têm razão quando, evocando os “visionários” pais fundadores, como Schumann, Monnet e Spinelli, lembram que a União é constituída por países iguais entre si. No entanto, eu teria preferido uma resposta mais sarcástica, que não levasse tão a sério a ideia populista do comissário para consumo interno dos eleitores alemães. Da parte dos eurodeputados portugueses, em particular, lamento que se tenham esquecido que foram eleitos pelo país de Rafael Bordalo Pinheiro.