<#comment comment=”[if gte mso 9]> Normal 0 false false false MicrosoftInternetExplorer4 <#comment comment=”[if gte mso 9]> <#comment comment=” /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:””; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:”Times New Roman”; mso-fareast-font-family:”Times New Roman”; mso-ansi-language:PT; mso-fareast-language:PT;} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:72.0pt 90.0pt 72.0pt 90.0pt; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} “> <#comment comment=”[if gte mso 10]> A economia virtual que levou o País ao endividamento e as famílias à escravidão do crédito teve, esta semana, a metáfora perfeita: um operador turístico vendeu viagens virtuais e, virtualmente, parece ter fugido com o dinheiro. Estes portugueses, que preferiam passar férias “lá fora”, são, agora, obrigados a corresponder aos apelos do Presidente da República para passarem férias cá dentro… Cavaco deve achar que Deus escreve direito por linhas tortas. Obra da crise? “Mas qual crise?”, pergunta Álvaro Covões, responsável pelo festival de música Optimus Alive. Em entrevista à Antena 1, este promotor declarou que a palavra crise será banida do festival. O mesmo onde será testado um palco virtual, para, com base em hologramas, apresentar ao digníssimo público o que não está lá. Com a maior candura, o responsável pelo evento diz que, nesse palco virtual, decorrerão “acontecimentos” que o público não saberá se são reais ou não. Para assistir ao embuste, os fãs do rock já esgotaram alguns dos espetáculos previstos, desembolsando entre 50 e 90 euros. E já se prevê que o “palco virtual” permita aos fãs, em “concertos” futuros, assistirem “ao vivo” a espetáculos decorridos a milhares de quilómetros de distância. É como comprar um DVD, só que mais caro. Covões tem razão: a crise é tão virtual como os hologramas do palco fantasma.
As televisões fazem entrevistas de rua e perguntam às pessoas onde passarão as férias. “Este ano, em Portugal”, respondem, cabisbaixos, muitos dos entrevistados. O mais fantástico é que os telespetadores enternecem-se: Que horror! Em Portugal! Sem poder apanhar um bocadinho de sol! Que saudades dos tempos de criança, em que o País era um El Dorado, e os nossos avós e os nossos pais, para nos mostrarem o mar, nos levavam, de avião, todos os anos, a Punta Cana… A solução está bem à vista: talvez as férias, enquanto há férias, possam ser passadas num palco virtual, cheio de areias douradas e palmeiras de holograma. O tipo que descobrir este negócio ficará rico.
O Governo vive no seu próprio palco virtual. José Sócrates espera que o crescimento do desemprego “desacelere”, durante o verão. Graças a esse movimento sazonal, tão certo como o sol que nos alumia, o primeiro-ministro espera convencer-nos de que a economia está a recuperar. Espetadores do concerto de Sócrates, aplaudimos o holograma. Do mesmo modo, o PS tenta agarrar as políticas sociais como quem caça moscas à mão, recusando os tetos que o realismo de Teixeira dos Santos impõe: reunidos em jornadas parlamentares, dirigentes e deputados “rosa” vociferam contra a “rendição dos partidos socialistas à liberalização” (Paulo Pedroso), exigem uma aldeia gaulesa – mas ibérica – contra a “ortodoxia neoliberal” (Mário Soares), ou acusam os partidos à esquerda de carregarem “o andor dos partidos da direita” (Augusto Santos Silva).
Já a PT é um palco virtual onde acontecem coisas que não são bem reais, como o facto de os seus acionistas poderem dela dispor como quiserem. E o que querem os acionistas, já agora? Um dinheirinho certo, em vez da trabalheira de continuarem a fazer crescer a empresa. A esta mentalidade lusitana só falta o lápis atrás da orelha: a PT é um imenso palco virtual, mas a oferta da Telefonica deixou a descoberto os merceeiros.
O conto do vigário da agência Marsans – por acaso espanhola… – é só um pormenor. Para abrir o concerto da silly season.