*** Paulo Dias Figueiredo, da Agência Lusa ***
Kinshasa, 01 Abr (Lusa) – O ministro dos Negócios Estrangeiros da República Democrática do Congo apelou hoje em Kinshasa ao regresso dos investidores portugueses ao país, garantindo que “foi aprendida a lição” das expropriações que afectou muitos cidadãos lusos na década de 1970.
“Os portugueses desempenharam um papel económico extremamente importante neste país e são excelentes as perspectivas de eles regressarem e investirem um dia”, salientou Alexis Tambwe Mwamba, que falava no final do encontro que manteve com o secretário de Estado das Comunidades de Portugal, António Braga.
O governante congolês destacou as pequenas e médias empresas agrícolas, o sector farmacêutico e as grandes obras públicas, como as áreas em que os investimentos portugueses se poderão verificar.
“A nossa crise económica começou com a ‘zairinização’ (expropriações e nacionalizações decretadas na década de 1970 pelo então ditador Mobutu Sese Seko). Foi uma lição para o futuro que nunca mais voltará a acontecer”, assegurou.
A questão das compensações aos portugueses expropriados é um ponto central da visita do governante português a Kinshasa e que voltará a ser abordada noutros encontros previstos até sexta-feira.
O chefe da diplomacia congolesa assegurou que para este ano está previsto o pagamento de indemnizações a cidadãos portugueses no valor de 20 milhões de dólares (15 milhões de euros), mais do dobro do que foi pago em 2008.
“Com Portugal temos sempre uma boa cooperação”, afirmou Tambwe Mwamba.
Por seu turno, António braga salientou a necessidade de serem encontrados mecanismos de protecção e estímulo de investimentos, antes de se poder falar no regresso das empresas portuguesas à RDCongo.
“Passámos em revista diversas oportunidades de desenvolvimento dessas relações e a possibilidade de criarmos no futuro muito próximo um conjunto de acções que permitam uma intervenção do sector económico e financeiro português aqui”, acrescentou.
António Braga referiu em particular as oportunidades nos sectores farmacêutico e construção de infra-estruturas.
“Há uma total abertura para que isso aconteça. Estudaremos agora o quadro em que se pode desenhar não só uma protecção a esses investimentos, mas também as condições para serem efectuados”, nomeadamente ao nível do financiamento, afirmou o secretário de Estado português.
A definição deste instrumento será abordada ainda hoje em conversações com o Ministério para a Reconstrução.
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