– Hoje apetece-me dançar uma música triste, estou farto de músicas felizes – pediu Miguel.
Dois amantes dançaram um bolero de Agustin Lara num terraço em Buenos Aires, nuns claustros em Évora ou num bar de marinheiros em Peniche.
Prolongavam um beijo lânguido num passo aritmético de dança como se fora um crime passional. “Arrancame la vida”, sussurrou Miguel.
E sentiu a pressão suave da Beretta no peito, num estampido seco de adeus. Do último adeus de dois amantes improváveis.
Unidos, até que a vida, uma bala ou um bolero os separe…