MENINO DO MAR
Menino do mar
dos olhos sem fim
ribeiro a passar BIS
por dentro de mim
Quem não conhece a maresia não entende a alma
que molha os pés na beira d’água/ enquanto espera o tempo
é de manhã
é de Iansã
é um sinal
um temporal
no ventre de uma deusa-mãe pagã
quem não procura a poesia não encontra a noite
o sol vai se esconder na água/ enquanto houver poemas
é Iemanjá
que vem de lá
é de ninguém
e é também
do triste som da voz do sabiá
o azul nem sempre é mar
e nem o mar é sempre azul
ninguém conhece o seu lugar
ninguém sabe a canção do mar
quem não subiu o morro até o céu
não sabe nem da arte de viver
e nem da arte de morrer
só
Menino do mar
dos olhos sem fim
ribeiro a passar BIS
por dentro de mim
quem não amou Macunaíma não sabe de nada
das coisas da cidade grande/ e nem da mata virgem
um buriti
um colibri
uma canção
sem tradução
em português ou na língua tupi
o azul nem sempre é mar
e nem o mar é sempre azul
ninguém conhece o seu lugar
ninguém sabe a canção do mar
quem não subiu o morro até o céu
não sabe nem da arte de viver
e nem da arte de morrer
só
Menino do mar
dos olhos sem fim
ribeiro a passar BIS
por dentro de mim