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Utilizar a banda desenhada para abordar temas científicos não é novo, mas tem tido uma maior atenção recente, destacando-se o trabalho de Jim Ottaviani, e livros como “Saison Brune” de Philippe Squarzoni (sobre as alterações climáticas) ou a tese em BD “Unflattening”, de Nick Sousanis. Em Portugal, e seguindo um excelente percurso em divulgação científica, a Gradiva tem estado atenta, e “Cosmicomix: A descoberta do Big Bang”, de Amedeo Baldi e Rossano Piccioni é a mais recente aposta.
Há, logo à partida, a questão do título, no original italiano “Cosmicomic: Gli uomini che scopirono il Big Bang”. Uma das alterações remete para “Logicomix”, editado também pela Gradiva; embora esta nova BD não evoque a tradição dos “comix”, e tenha um cariz mais institucional. Mas o subtítulo original é mais revelador do ponto de partida. Embora seja sobre “descoberta”, o fulcro é mais nos “homens”. E essa é uma questão com interesse. O que é mais importante? O conhecimento, ou quem o estabeleceu? Ambos, claro. Mas há alguma hierarquia? Sim, e por um motivo simples: um dos cartões de visita cruciais do discurso científico é que sempre “lá” esteve, à espera de ser descoberto, e que, ao contrário da criação artística ou de opções político-sociais, é independente da personalidade ou opiniões de quem o descobre. Uma maioria de cientistas será capaz de nomear mais descobertas que ganharam Prémios Nobel do que os nomes por detrás delas. Mas que nomes serão relevantes? Neste assunto em particular da origem do Universo quem importa conhecer, para além do óbvio, que nem aceitava bem alguns desenvolvimentos (Einstein)? Juntar nomes a hipóteses e dados é pois o objetivo do argumentista Baldi, astrofísico da Universidade Tor Vergata em Roma.
“Cosmicomix” foca dois pontos distintos que serão familiares mesmo para quem tenha da ciência apenas a imagem caricatural da série “The Big Bang Theory”. Por um lado a elaboração de modelos teóricos, por outro a obtenção de dados experimentais que validem (ou não) esses modelos. Na verdade o livro tende mais para o segundo aspeto, marcado pelo afastamento das galáxias descrito por Hubble, e sobretudo pela medição da radiação de fundo que resultou do Big Bang por Robert Wilson e Arno Penzias.
A utilização da BD permite desde logo retratar as personagens, aproximando-as do leitor e recriando os ambientes nos quais trabalharam, alguns deles artesanais. Embora o ponto de vista narrativo seja por vezes confuso, o livro tem momentos em que o potencial da linguagem é bem empregue, como a “visualização” de teorias usando alegorias gráficas. Mas nota-se um esforço para manter o discurso ao nível mais “sério” do diálogo entre personagens, com o estratagema de utilizar interlocutores neutros. Algo que, a juntar ao estilo gráfico funcional, mas não inspirador, de Piccioni, faria o livro parecer cansativo se o assunto não fosse tão fascinante, e se Baldi não tivesse temperado questões científicas com as personalidades (e rivalidades) de alguns intervenientes, como o snobismo de Hubble, os percursos não-canónicos de Humason ou do cosmologista-padre Lemaître, ou o humor alcoolizado de Gamow (na escrita de um artigo-chave chega mesmo a cometer uma fraude de autoria, apenas porque tinha piada).
Mas mais importante é “Cosmicomix” não fugir à maneira por vezes caótica como o conhecimento científico emerge, evitando a narrativa asséptica e linear caraterística de outras obras. O livro celebra também intervenientes cujos contributos foram esquecidos ou ultrapassados, hipóteses erradas, o lidar com problemas práticos, o ruído que demora a ser identificado enquanto sinal. Fazer e discutir Ciência passa (também) por aí.
Cosmicomix: A descoberta do Big Bang. Argumento de Amedeo Baldi, desenhos de Marcelo Rossano Piccioni. Gradiva. 152 pp., 14,90 Euros.