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Misturando texto e desenho a linguagem da banda desenhada tem a particularidade de poder ser apreciada de uma maneira única, no sentido em que o aparelho visual consegue apreender em simultâneo vários momentos distintos. Mesmo considerando uma leitura clássica das vinhetas que compõem uma página (da esquerda para a direita, de cima para baixo) a preponderância do desenho em BD torna inevitável que, logo à partida e mesmo antes de iniciar a leitura, se apreenda a página na sua totalidade. Algo que tem três consequências importantes: por um lado abre a possibilidade de criar um todo gráfico em cada página (e na sequência de páginas) que pontue a narrativa para além da soma das partes (a sequência de vinhetas); por outro permite jogar com a espectativa inicial, usando o texto para surpreender o leitor, modificando aquilo que “acha que viu” quando apreendeu a página de relance no início da leitura. E, por último, permite jogar com a noção de tempo narrativo. Em BD a transição entre vinhetas traduz-se em tempo, e ao apreciar-se uma página podemos “ver” vários tempos em simultâneo, transições que, com o mesmo espaço entre vinhetas, tanto podem representar segundos como séculos.
Este efeito não faz sentido em nenhuma outra forma de expressão.
No cinema, fora exceções como o uso de ecrãs múltiplos, só se “vê” um fotograma de cada vez. É certo que num texto escrito se pode “espreitar” o texto que vem mais adiante (ou rever o que está atrás) mas (salvo exceções) o efeito gráfico é menor devido à ausência de desenho, apenas se veem mais letras. Em ambos os casos o tempo narrativo é mais linear.
Este potencial da banda desenhada em termos de usar (e, portanto, subverter) o espaço enquanto tempo não é de modo algum novo, e tem sido trabalhado em termos formais (quer enquanto elemento narrativo, quer enquanto exercício “puro”) desde os tempos iniciais de Winsor McCay, e mais recentemente por autores como Marc-Antoine Mathieu, Fred, Chris Ware, Lewis Trondheim, Étienne Lécroart, Jochen Gerner, Sergio Garcia, entre muitos outros. A grande questão que se põe muitas vezes nessas obras é saber se se esgotam no “mero” virtuosismo formal (por mais inteligente e rico que seja), ou se tentam utilizar as inovações no registo sobretudo enquanto ferramentas narrativo-dramáticas. Étienne Lécroart, por exemplo, encaixa no primeiro destes perfis, Fred no segundo, com Mathieu e Ware algures no meio.
Que algo se passa em One Soul do autor canadiano Ray Fawkes (Oni Press, 2011) é óbvio logo de início. O livro começa com duas páginas de nove vinhetas rectangulares de igual tamanho cada uma. Dezoito quadradinhos a negro. Nas duas páginas seguintes os mesmos dezoito quadradinhos, agora com alguns arabescos brancos. Viram-se a páginas e continuam a repetir-se os dezoito quadradinhos, os arabescos vão crescendo e tornando-se mais complexos, surgem algumas palavras, aparentemente desconexas. Até que finalmente se percebe. Cada um dos dezoito quadradinhos corresponde a uma personagem, a uma vida. Do negro da vida uterina, ao nascimento, à eventual morte, e regresso ao negro.
Se os nascimentos ocorrem em simultâneo no espaço das dezoito vinhetas das páginas 14 e 15, estão intervalados no tempo por décadas ou séculos. Desde a Pré-História aos nossos dias cada personagem representa, para além de si mesma, uma era e um modo de vida. Mas não só: varia o género, o estatuto social, a personalidade. E o que se apreende destas vidas? Depende da leitura. Podemos escolher ler “na vertical”, personagem a personagem; e, em cada duas páginas do livro, apenas apreciar uma vinheta até ao final do livro. Depois voltar ao princípio e fazer o mesmo para as restantes dezassete vidas. Ou podemos ler “na horizontal”, página a página, de modo a perceber o modo como as diferentes personagens reagem a momentos cronologicamente semelhantes das suas vidas, e de que modo evoluem; as diferenças, mas sobretudo as semelhanças, que vincam cada tempo e cada pessoa. Nessa leitura “normal” Ray Fawkes usa algumas frases/palavras/ideias comuns que se repetem em diferentes vinhetas para criar uma união horizontal entre personagens. Embora nem sempre funcione (e seria algo difícil de manter ao longo de todo o livro) fá-lo de uma maneira muito inteligente, utilizando a dualidade texto/desenho para modificar significados. Um instante de “felicidade” pode, por exemplo, traduzir-se visualmente no sucesso de uma caçada, num aplauso em palco, na vitória numa guerra, numa relação amorosa, num simples sorriso. De um modo ainda mais denso e rico a noção de “lama” tanto pode ser usada fisicamente, enquanto terreno difícil/lúdico, ou como “barro” (matéria-prima em olaria, tijolos, tábuas para escrita); como metaforicamente, para marcar uma realidade menos agradável de uma vida, ou sentimento que uma personagem tem num dado momento. E Fawkes usa muitas vezes o significado físico também enquanto metáfora. Por outro lado, introduz-se ainda o peso da História, no sentido em que ter um chão de lama será normal na Pré-História, mas um sinal de pobreza noutros tempos. A diversidade de leituras, e o modo como nenhuma delas parece “errada” dão ao livro unicidade múltipla notável.
À medida que as personagens morrem (em diferentes momentos) as respetivas vinhetas vão ficando negras. Mas não o ficam para sempre, a certa altura voltam a surgir palavras aparentemente desconexas que questionam a validade da vida que passou, e a existência de algo para além dela, por vezes com resignação, por vezes com fúria, sempre com interrogações. Mais tarde as vinhetas começam a fundir-se entre si até que no final desaparece todo o branco (mesmo as margens), apenas os números de páginas sobressaem de um mar negro. Um fim? Um possível princípio? Fazendo jus ao título do livro assistimos aqui às várias reencarnações de uma mesma alma, ou a um manifesto sobre a unicidade múltipla da alma humana? Não é importante, o resultado final é prodigioso porque ressoa muito para além das múltiplas leituras; transcendendo o “simples” exercício formal que parecia à primeira vista.
O livro é dedicado ao filho do autor, que nasceu morto um ano antes da publicação da obra, e é difícil não pensar que esse evento não tenha tido alguma influência no tom de One Soul. Um tom que, se mistura alguma esperança e triunfo, é sobretudo de erros e oportunidades perdidas com as quais as personagens se debatem ao longo do percurso, e sobretudo quando chega o fim, ou até depois dele. Dada a pouca disponibilidade de espaço, e a vontade de Ray Fawkes em criar uma leitura horizontal, é evidente que as vidas têm de ser contada através de momentos icónicos (alguns mais óbvios que outros) de modo a cada personagem ter uma individualidade e uma história própria minimamente descodificável. A palavra-chave na frase anterior é “minimamente”. Em One Soul o leitor preenche duas vezes o espaço branco entre vinhetas para criar o “movimento” em banda desenhada, porquanto cada vinheta liga (conceptualmente) com a que está fisicamente ao lado, mas também (temporalmente) com a que fica no mesmo lugar ao virar da página. Num caso coalesce o estado de espírito de um determinado instante na vida de todas as personagens, no outro reconstrói-se o percurso de uma delas, com o leitor a ter de preencher a vastidão que o autor não teve espaço-tempo para contar.
Será importante notar algures que Fawkes não é necessariamente um grande desenhador, o seu estilo angular funciona bem neste livro, mas a dificuldade na representação de mãos, por exemplo, é óbvia. Ao contrário daquilo que muitas vezes se pensa e defende, nas obras interessantes em banda desenhada raramente é esse talento que está em causa. Ao longo da experiência que é ler One Soul mal se nota.
O desenho é, desde logo a principal diferença entre o trabalho de Ray Fawkes e o do belga Brecht Evens, especificamente The Wrong Place (lido em inglês; Jonathan Cape, 2011). Salta desde logo à vista a palete de cores (One Soul é a preto e branco), e o uso da cor para criar linhas e falas de personagens, em vez de apenas preencher espaços entre traços a preto. Na verdade esses traços a preto nem existem, as personagens são literalmente feitas de cor, dando a ideia que dela brotaram e nela se podem dissolver a qualquer momento. Mais, a cor identifica as personagens e dá-lhes caráter ainda antes de se perceber exatamente quem são. A dicotomia que se estabelece entre os “protagonistas” (tanto quanto são passíveis desta definição), o “cinzento” Gary e o carismático hedonista (mas frio) Robbie é apenas o exemplo mais extremado. Para que não restem dúvidas as personagens até “falam” com a respetiva cor, com as legendas de cada uma no mesmo tom predominante que o utilizado para a figura humana. De resto, do ponto de vista da linguagem da banda desenhada, o mais interessante é o modo como Evens usa a cor para guiar o olhar de um leitor, estabelecer fronteiras e sentidos de leitura muitas vezes na ausência de quaisquer vinhetas no sentido clássico do termo. Em One Soul a rigidez do espaço físico representativo alimenta uma expansão do espaço narrativo; em The Wrong Place gere-se um espaço organizadamente caótico, a todos os níveis. Do ponto de vista temático as obras também pouco se assemelham. The Wrong Place é uma viagem em episódios não totalmente definidos a um espaço-tempo bem definido, no qual o culto do excesso é balizado por reflexões sobre como o encarar, protagonizado por figuras levemente caracterizadas, mas que se poderão definir enquanto jovens profissionais não comprometidos, mas que se começam a comprometer (com uma profissão, uns com os outros, consigo próprios), e que, por conseguinte, se começam também a desiludir e a lamentar oportunidades perdidas.
Robbie, a figura central do livro, surge como o Joker (até graficamente) deste mundo. Totalmente livre, rei indiscutível de uma noite multifacetada durante a qual todos os prazeres e descobertas podem, e devem, acontecer. Flautista de Hamelin irresistível que nunca aceitará compromissos, Robbie é impossível de conter, de definir, de conhecer. Parece existir sobretudo enquanto pretexto. De uma maneira muito inteligente no primeiro “episódio” Robbie domina através da ausência, como eterno tema de conversa, como referência máxima em relação à qual todos os outros medem as suas ambições. Como termo de comparação que o seu melhor amigo, o insonso Gary, nunca tem hipótese de suplantar, mesmo (ou sobretudo) na sua ausência. As restantes personagens desesperam por entrar no mundo de Robbie, embora seja também clara a possibilidade de esse ser um presente envenenado, se e quando for oferecido.
Nos episódios seguintes é um pouco isso que sucede, com Robbie a servir de guia iniciático a um mundo de diversão onde se cruzam as mais diversas atividades; onde grandes pistas de dança transbordam, ou recantos e passagens secretas revelam segredos aninhados uns nos outros. Os que o acompanham de perto nessa viagem, uma jovem rapariga e, mais tarde, o próprio Gary, deverão decidir o que pensar das realidades que Robbie lhes revela, e de como poderão, ou não, aproveitar o que ele tem para oferecer.
Descrito desta maneira é possível que The Wrong Place pareça apenas mais uma variação sobre temas previsíveis. O tom cinzento e profissional do dia, em oposição às muitas cores da noite. O banal conforto conhecido, por oposição ao revelar contínuo de mistérios. A tentativa de ganhar experiência sem envelhecer, para depois combater o envelhecimento com a busca quimérica da eterna juventude. É aí que entra o virtuosismo gráfico de Brecht Evens, criando ambientes visuais ricos (por vezes até talvez ricos demais) que dão uma dimensão orgânica às palavras (até pelo modo como estas são desenhadas e coloridas), modificando o seu significado e fazendo o leitor confiar mais ou menos no seu alcance de acordo com a representação de personagens e ambientes. O sentido de leitura (ou falta dele) contribui decisivamente para o poder evocativo da obra, e muitas vezes há palavras muito distantes do local principal da “ação” que a iluminam de maneiras inesperadas. Tal como em muitas noites, os resultados em The Wrong Place oscilam entre ressaca e possibilidade. A questão reside em distinguir uma da outra.
Em resumo, The Wrong Place e One Soul provam uma coisa muito simples. Num mundo cínico onde se diz que tudo já foi inventado, há ainda novidades a propor.
One Soul, Ray Fawkes, Oni Press (2011); 18/20
The Wrong Place, Brecht Evens, Jonathan Cape (2011); 17/20
Because words are mixed with pictures comics can be appreciated in a very particular fashion, considering that our visual system can apprehend several stimuli at any given time. Even if a reader follows a preordained visual path through cases on a page (for example, left to right, top to bottom), it is virtually impossible not to immediately consider the page as a visual whole. This has three major implications: the possibility of creating a graphic tone that includes page layouts in addition to cases and case sequence; subverting reader expectations, by using the text to challenge what was perceived at first page glance; and, finally, to play with time. Case transitions usually are translatable unto a time’s arrow, and the full visual perception of a page allows one to consider several times simultaneously. Furthermore, the exact same (physical) space between cases can be made to represent seconds as well as centuries. This is something that is unique to the form. In cinema usually only one image is seen at any given time (split screens being a rare exception), and, although while reading a novel one can “peek” backwards and forwards, the effect lacks the visual immediacy of comics, given that all that is “seen” are words. Narrative time can of course be subverted in both literature and cinema, but it is by definition more linear.
This particular aspect of subverting time by consciously manipulating space in comics is not at all new. Winsor McCay comes immediately to mind, but more recent authors would include, for example, Marc-Antoine Mathieu, Fred, Chris Ware, Lewis Trondheim, Étienne Lécroart, Jochen Gerner or Sergio Garcia. It should be noted that this aspect can be used as just another element to further a narrative (Fred), for the sake of a more “pure” formal exercise (Lécroart), or somewhere in between.
That something is amiss in One Soul by Canadian author Ray Fawkes (Oni Press, 2011) is obvious from the get-go. The book starts with two pages of nine identical rectangular cases each. Eighteen completely black cases. The following two pages bring the same eighteen cases, this time with what seem like abstract white doodles. The pages are turned and the pattern repeats itself, with the doodles increasing in complexity and words making an appearance, although at first they do not seem to make sense. Until finally we get it. Each one of the eighteen cases on a two-page spread represents a character, a life. Followed from the blackness of the womb until death, and a return to black.
Eighteen births take place in the eighteen cases of pages 14 and 15, but they are spread out on an immense time scale. The first birth occurs in prehistoric times; the last is contemporary, all the others represent specific times in human civilization. Therefore each character stands, not only for themselves, but also for a given time and way of living. And also, to confuse matters further, for a gender, a social status, a specific personality type. And what is perceived from these eighteen lives? It depends on how one reads. A “vertical” gaze follows each character independently, and implies only “reading” one case every two pages. A “horizontal” gaze shows how the different characters act and evolve in chronologically similar times of their respective lives.
In this “horizontal” reading (or the “normal” reading pattern) Ray Fawkes uses common words, themes and ideas to create an idea of unity between the characters (and therefore through time). It doesn’t always work (and it would be a hard feat to maintain for the entire length of the book), but it is a tremendous achievement, especially considering the way the duality words/pictures is used in order to change meaning. In perhaps the best example the idea of “mud” is employed literally, as a difficult or playful terrain, or as “clay” (to make bricks, pottery or writing tablets); or as a metaphor for a particularly difficult time in a characters life, or for the lack of a clear moral compass. Yet another layer is provided by historical context, in that a mud floor would be standard in pre historical times, but a sign of poverty for characters that lived later. These carefully woven patterns create a bounty of meanings, with none seeming “wrong”, and make for a truly remarkable book.
At different times in their respective lives characters die, and their cases return to black. But not for good, at some point loosely gathered words return, which question the validity of the life lived, and the possible existence beyond. Sometimes with pain, sometimes with resignation, sometimes with anger: always with questions. Later the cases fuse until finally only a black page remains, just the page numbers as the lone non-black resistance. The end? A possible beginning? Considering the book’s title, did we just witness the reincarnation of a single soul throughout the ages, or a manifesto to the wonderful unity in diversity of the human soul? What is truly important is that the book magnificently transcended what seemed at the start to be a “mere” formal exercise.
Given the lack of space, and the will of the author to create a “horizontal” narrative, each character’s story must be told via iconic moments (some more obvious than others), in order to paint a credible portrait and summarize a complex life in very few cases. In One Soul the reader is asked to fill in the blank space between cases twice, connecting each one to its neighbor (conceptually), to paint a portrait of an instant in all the characters lives; and also to the next one in each characters life, two pages over (time wise), in this case to fill in often an immense period Ray Fawkes does not have space-time to elaborate upon.
It may be important to note at some point that Fawkes is not exactly an out worldly gifted artist. His angular style is very appropriate for the book, but clear problems with details (the drawing of hands, for example) are obvious. In truly great works in comic book form that rarely is the key, and in One Soul it barely registers.
Artwork is the main immediate difference between Ray Fawkes and Belgian author Brecht Evens, specifically The Wrong Place (read in English, Jonathan Cape, 2011). There is a rich color palette (One Soul is in black and white), used to create demarcations (rather than filing in black and white drawings), and t form the words of different characters. Characters are in fact literally made of color, and “speak” in a color which identifies them, serving as a personality trait even before we truly understand them. The contrast between the boring “gray” Gary and the charismatic and colorful (but cold) Robbie is just the most obviously extreme example. In terms of how comics are perceived the most interesting aspect is how Evens uses color as a guide and to establish boundaries in the reading sense, in the absence of classical cases. In One Soul the expansion of narrative space starts with a very rigid physical grid; The Wrong Place manages a chaotically organized space. From a thematic standpoint there are also few similarities. The Wrong Place is a journey in episodes unto a cult of hedonism and the many ways it can be perceived and lived, with characters that are only vaguely defined, but that could be lumped together as young professionals on the brink of making commitments (professional, personal) they will almost certainly live to regret at some level.
The central lynchpin of the book is Robbie, a sort of wild-card Joker (the analogy is made graphically). Free spirit, undisputed king of a many-layered night where everything can, and does, happen. An irresistible Pied Piper that does not compromise Robbie cannot be contained, and resists being known. His main narrative role is as a catalyst. In a very intelligent choice of layout in the first “episode” Robbie completely dominates the story by being absent, as the main theme of conversation and point of reference everyone else measures up to. His best friend, the bland Gary, never stands a chance despite (and really because) Robbie being absent. Everyone else wants to be in Robbie’s world, though that may well turn out to be a poisoned pill. In the following episodes that is exactly what happens, with Robbie finally showing up as a mentor-type guide to a world of fun and games where pleasures lurk on wide open dance floors or in small nooks and crannies, hidden from view; secrets within secrets. Those that follow Robbie (a young girl first, then Gary) must decide what to take from the many offerings.
As described The Wrong Place may seems like just another variation on too-common themes. The grayness of day, versus the many colors of night. The banal comforts of the known, versus the continuing reveal of mysteries. The attempt of gaining experience without aging, to then start fighting aging in a quest for eternal youth. This is where the graphic virtuoso style of Evens comes in, creating visually rich environments (maybe sometimes even too rich) that breathe a different level unto the words (in the way they are drawn and colored), modifying meaning and changing a readers perception depending on how characters that say them are perceived. The lack of a defined reading gaze (due to the absence of cases) contributes decisively towards the evocative power of the book, in that often words very far away from the “action” illuminate what is happening in unexpected ways. As is the case with night outings the results are always between discovery and hangover. Distinguishing one from the other is the true challenge.
In short, The Wrong Place and One Soul prove a very simple thing. In a cynical world where it is said all has been invented, there can still be room for exciting novelty.