Para inaugurar duas horas de debates sobre paridade, a manhã arrancou com uma conversa entre duas mulheres, com família e em posições de chefia. Mafalda Anjos, diretora da VISÃO, começou por recordar a tenacidade de Helen Duphorn, country manager da IKEA, e o seu empenho pessoal nesta matéria. Recordou uma ocasião em que viu a sueca, numa conferência da revista EXAME, perante uma sala cheia de mais de uma centena de CEO e diretores de Recursos Humanos, impelir todos a acabar com a disparidade salarial entre homens e mulheres: “Se têm mulheres a ganhar menos do que os homens nas vossas empresas, têm até ao natal para mudar isso. Faltam dois meses, vão muito a tempo”. Esta declaração causou, na altura, um choque na sala. Helen explicou que o tema da igualdade de género desde sempre que é uma proecupação sua. E explica isso porque desde cedo assistiu a uma divisão equitativa de tarefas entre o pai e a mãe. “Eu e a minha irmã ouvimos sempre a minha mãe afirmar que podíamos ser o que quisessemos”.
Há nas empresas tantas coisas que não podemos controlar, como o mercado ou os clientes. Mas CEO têm controlo total sobre quanto pagam aos seus trabalhadores. Não há desculpas para não acabar com a disparidade salarial entre homens e mulheres
Helen DUphorn
Duphorn partilhou então que, ao longo de 22 anos na IKEA, sempre lutou por contratar igual número de homens e mulheres. “Posso-vos ainda assegurar que na IKEA, em Portugal, não há homens a receber mais que mulheres que desempenhem a mesma função, e que o board é aboslutamente paritário”. Helen Duphorn frisou que os CEO têm controlo total sobre quanto pagar aos trabalhadores e como distribuir os pagamentos, acrescentando “é algo que podem corrigir imediatamente, se quiserem”.
A manager sueca e a diretora da VISÃO refletiram sobre os denominadores comuns na vida das famílias, que contribuem para a disparidade salarial e de oportunidades entre homens e mulheres. Ao contrário do que acontece na maioria das vezes, no caso de Helen Duphorn, foi o marido que acompanhou o crescimento do único filho do casal. “Como eu estava sempre a trabalhar e viajar, o meu marido foi a figura parental de referência para o nosso filho. Para esta criança é absolutamente normal o pai estar em casa e a mãe no trabalho”. “Os exemplos que damos aos nossos filhos são determinantes para as suas vidas”, sublinhou.
A conversa terminou com um quizz interativo, no qual o público foi desafiado a responder a perguntas como: quem trabalha mais nas tarefas domésticas? Quem faz o jantar? ou Quem leva os filhos ao médico? E as respostas dadas ao vivo e em direto numa aplicação informática, tal como aconteceu no grande inquérito da VISÃO em parceria com a IKEA, recairam, invariavelmente, nas mulheres.
Veja aqui o resto do evento “A Paridade Começa em Casa:
“Ainda é comum a ideia de que o homem tem apenas de ‘ajudar’ em casa, fazendo um favor à mulher”