Longe vão os tempos em que Lisboa e Almada viviam, aparentemente, de costas voltadas. Esta tarde, no painel “Os dois lados do Tejo”, inserido no Visão Fest, que decorre no Capitólio, em Lisboa, os presidentes das duas autarquias, Fernando Medina e Inês de Medeiros, alinharam os discursos e defenderam que é preciso reforçar “a complementaridade” entre os concelhos, quer para servir melhor quem neles vive, quer para benefício de ambos no que respeita ao boom turístico que se verifica no País.
Para Inês de Medeiros, está na hora de “olharmos para o Rio Tejo não como um obstáculo”, mas como “o centro” da Área Metropolitana de Lisboa (AML), motivo que considera suficiente para que sejam revistas muitas questões na mobilidade e nos transportes, na habitação e no turismo, numa articulação feita entre 18 concelhos e não apenas de forma bilateral (Almada-Lisboa).
A autarca almadense entende que “o excesso de carros” na capital, criticado por Fernando Medina, poderia começar a resolver-se com a criação de “um passe intermodal para a AML, a um preço acessível”, assim como através do desenvolvimento do “transporte fluvial em todo o arco ribeirinho” dos concelhos da margem sul do Tejo.
Fernando Medina foi mais longe e, vestindo o fato de presidente da AML, adiantou no debate moderado pelo jornalista Filipe Luís, que em março, numa “cimeira” entre a AML, a Área Metropolitana do Porto e o Governo, foi proposta a transferência de competências do plano nacional para o intermunicipal.
“Nós queremos assumir as competências das questões da mobilidade e queremos assumir a propriedade ou co-propriedade das empresas de transportes de âmbito metropolitano. Queremos ser nós a mandar na forma como eles se organizam e queremos encontrar uma fórmula para que possamos ter transportes acessíveis”, afirmou o chefe do executivo da capital.
Quanto ao diálogo com o Governo de António Costa, Fernando Medina revelou que ficou estabelecido que haveria uma resposta “já no mês de junho acerca do caderno de encargos que a AML e a AMP apresentaram. E que propostas foram essas? Um “plano de investimentos relativamente aos transportes na Área Metropolitana”, a “passagem do poder de regulação e comando para a Área Metropolitana” e também a “criação de um fundo que permitisse reduzir os preços dos tarifários e criar um bilhete único para a AML”.
Inês de Medeiros, que subscreve a iniciativa, indicou ainda que também no capítulo do turismo será necessário reforçar a coordenação entre as duas cidades e que, além da reabilitação do Cais do Ginjal (Cacilhas) ou do plano de urbanização da Lisnave, o papel da Costa de Caparica terá de ser reforçado. Atendendo à dimensão das reservas florestais junto às praias, defendeu mesmo que “a Costa de Caparica tenha de ser vista como um resort de ecoturismo” e não como um objeto de turismo de massas, como até aqui tem acontecido – dado os seus 15 quilómetros de contínuo areal.
Já quando o debate foi aberto às questões da plateia, ambos voltaram a estar sintonizados na necessidade de haver uma decisão tão “rápida” quanto possível acerca da construção de um segundo aeroporto na grande Lisboa. Medina deixou, contudo, o reparo de que “o Montijo não é solução ideal para Lisboa”, ao passo que Medeiros salientou que a construção é “uma inevitabilidade”, seja no Montijo ou noutro local.
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