Luís senta-se, pega na bola de barro, extraído ali mesmo nas terras de Molelos, e põe a roda de oleiro a girar. Com as mãos molhadas em água começa a moldar o que em, poucos minutos, será uma jarra. “A peça terá que ser depois brunida, ou seja polida, com um seixo do rio ou de mar. O processo, feito lentamente e a demorar algum tempo, tanto serve para retirar as imperfeições na peça, como para lhe dar um brilho, quase metálico, depois de cozida”, explica o oleiro que, juntamente com o seu irmão José, abriu há 27 anos a Artantiga.
Nas prateleiras de madeira, a jarra há-de secar pelo menos três dias, seguindo então para o forno. Tradicionalmente, as peças prontas eram cozidas em soenga, ou seja numa cova pouco funda feita no chão, onde a loiça era empilhada e coberta parcialmente com madeira de pinheiro e tapada com torrões de terra, ateando-se depois o fogo. Hoje usam-se fornos a lenha e é na fase final da cozedura que está o segredo: o forno é selado para que o monóxido de carbono, emitido pela combustão, enegreça o barro.
A Artantiga é uma das cinco olarias no ativo em Molelos e produz loiças para cozinhar, conservar ou armazenar alimentos. Entre as peças decorativas mais antigas está a Bilha do Segredo, um cântaro que, como o nome indica, tem um truque para que consiga beber a água (ou outra bebida), sem se molhar.
VISITE AQUI O SITE – “Uma Redação com o Coração no Centro de Portugal”
Vamos ter uma redação itinerante no Centro do país durante todo o mês de Novembro, para ver, ouvir e reportar. Diariamente, vamos contar os casos de quem perdeu tudo, mas também as histórias inspiradoras da recuperação. Queremos mostrar os esforços destas comunidades para se levantarem das cinzas e dar voz às pessoas que se estão a mobilizar para ajudar. Olhar o outro lado do drama, mostrar a solidariedade e o lado humano de uma tragédia. Para que o Centro de Portugal não fique esquecido. Porque grande jornalismo e grandes causas fazem parte do nosso ADN.