Descendente de uma família há décadas dedicada à produção e comercialização de queijos, Luís Lagos, 39 anos, advogado, licenciado pela Universidade Católica de Lisboa, deixou, aos 30 anos, a atividade na capital para voltar às origens e recuperar o negócio que, em 2007, estava quase falido.
Militante do CDS, acompanhara, em Bruxelas, durante um ano, o antigo deputado europeu José Ribeiro e Castro e foi seu chefe de gabinete enquanto foi líder do partido. Até outubro deste ano, Luís era o presidente da distrital do CDS de Coimbra. Depois dos incêndios de 15 desse mês, demitiu-se e suspendeu a atividade política para se dedicar, em exclusivo, à defesa das vítimas do “maior incêndio de sempre”. Esta sexta-feira, na primeira assembleia geral da Associação das Vítimas do Maior Incêndio de Sempre em Portugal (AVMISP), vai propor que se mova uma ação judicial contra o Estado português. No vídeo que acompanha esta notícia, numa pequena mas muito incisiva entrevista, em que não poupa nem Governo, nem oposição, Luís Lagos explica porquê.
A gravação foi feita em Oliveira do Hospital, entre os escombros de uma segunda empresa – esta de construção civil, a Fonseca & Fonseca, 23 trabalhadores – que também estava a gerir, desde há um ano, após a morte do sogro, anterior proprietário. Quanto à queijaria, este filho de Meruge (freguesia do concelho de Oliveira do Hospital) vem de uma faturação anual de 26 mil euros, em 2007, quando lhe pegou, para 3 milhões hoje. Dos 100 metros quadrados das instalações iniciais dos Queijos Lagos (que também são destinados à exportação) cresceu para mil metros quadrados. Felizmente, essas não arderam. O difícil está em encontrar leite para manter a produção. As ovelhas da região é que arderam quase todas.
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