‘Gostava de matemática, de fazer contas, de números e de dinheiro e pareceu-me que o meu futuro passaria por aí. Não me enganei.” Filipa Alarcão, economista, adjunta da ministra da Agricultura, percebeu cedo o que queria ser “quando fosse grande”. Pelo caminho, contou com a preciosa ajuda do acaso, determinante na hora de afinar as escolhas.
Foi o que aconteceu com o estágio de verão que frequentou no final do terceiro ano do curso de Economia, tirado na Universidade Nova de Lisboa. “Por acaso, foi na banca. Por acaso, foi numa sala de mercado, a do Banif. Na hora de tomar decisões e foi tudo mais fácil.” A área de Finanças tornou-se um destino evidente.
“Em Economia somos muito aliciados por consultoras, mas o BPI foi um dos primeiros a chamar-me. Acabei o curso, fiz o último exame e, um mês depois, estava na sala de mercados do banco. Exatamente o que eu queria.” Esteve quatro anos na direção financeira daquela instituição, até que o mestrado em Finanças, na Universidade Católica, lhe despertou a curiosidade para a área das empresas. Concluídos os estudos realizados já como quadro do BPI sugeriu mudar de departamento, “para ter uma visão mais agregada do mundo financeiro”. É já na área de banca de empresas que a crise lhe atira para os braços um dos desafios que considera mais estimulantes: “As grandes empresas portuguesas, que recorriam ao mercado de capitais para se financiarem, viram esse mercado fechar-se temporariamente durante mais de um ano e surgiu a necessidade de criar produtos alternativos.
Foi então que surgiram as obrigações de retalho e o BPI liderou praticamente todas. Estive envolvida em oito emissões, na estruturação e coordenação, e foi uma experiência fantástica.” Agora, está na administração pública, onde “os métodos de trabalho são muito diferentes. A mais pequena decisão mexe com uma série de interesses e entidades.
Diria que estou a ter um curso intensivo de negociação.” Chegou ao Ministério por sugestão do chefe de gabinete de Assunção Cristas, que já a conhecia do BPI, e não hesitou perante o desafio “irrecusável”.
O estrangeiro poderá fazer parte do seu futuro? “Sempre disse que gostaria de viver uma experiência internacional, mas as decisões de saída do País são cada vez mais definitivas e não sei se quero correr esse risco de não regressar. Gosto de cá estar, tenho um papel a desempenhar e sinto que há espaço para mim.”
BI
Idade: 30 anos
Atividade: Adjunta da ministra da Agricultura para a área económico-financeira, ligada às empresas tuteladas pelo Ministério
A escolha de…. Fernando Ulrich
Banqueiro, Presidente do Banco BPI
“É uma pessoa representativa de uma nova geração que, felizmente, temos em Portugal, de pessoas com uma boa formação académica, que não se limitam à licenciatura e continuam a estudar. Revelou sempre um grande espírito de iniciativa, uma personalidade frontal e firme na defesa das suas convicções não tem medo de dizer ‘não’, nem ao CEO do banco. Uma pessoa que, aos 30 anos, tem uma experiência de oito anos e passou pelas áreas mais importantes do banco, e com as características referidas, quando chegar à minha idade, poderá ter sido tudo aos mais altos níveis de responsabilidade na banca, numa empresa ou na administração pública.”