A subida das taxas Euribor e a inflação já está a ter impacto do mercado imobiliário e muitos são os que pensam duas vezes antes de comprar casa. Uma contenção que já se reflete no preço das habitações em alguns pontos do país.
A plataforma digital de crédito, Doutor Finanças, em conjunto com a Alfredo, empresa especializada em dados do setor imobiliário, acaba de divulgar o balanço dos dados imobiliários dos primeiros seis meses deste ano onde foi possível perceber que, em cinco capitais de distrito do país, os preços de venda estão mesmo a baixar. Guarda (11,19%), Portalegre (10,03%), Évora (6,23%), Bragança (2,68%) e Beja (1,05%) registam as únicas descidas do ranking nacional com o Funchal a liderar as subidas (10,12%), seguindo-se Setúbal (7,15%) e Castelo Branco (6,71%).
Considerando todas as capitais de distrito analisadas, Évora continua a ser a região onde os imóveis estiveram menos tempo para serem vendidos durante os primeiros seis meses de 2023. O tempo de absorção é de 86 dias. Em segundo lugar surge Setúbal (95 dias) e Beja (110 dias). Por outro lado, Ponta Delgada é a zona onde os imóveis demoram mais tempo para ser vendidos, em média 164 dias. Segue-se Castelo Branco (157 dias) e Vila Real (151 dias).
“Os últimos anos têm sido marcados por juros historicamente baixos, concessão de crédito elevada e aumentos expressivos dos preços das casas. Numa altura em que o contexto das taxas de juro mudou, com os juros a aumentarem de forma significativa, é natural que o mercado imobiliário sofra alguns ajustamentos”,destaca Rui Bairrada, CEO do Doutor Finanças.
Em termos médios, o preço das casas em Portugal aumentou apenas 1,65% no período em análise, segundo os dados da Alfredo, revelando oscilações pouco expressivas entre janeiro e junho, depois dos fortes aumentos observados nos últimos anos. “Em junho, os imóveis residenciais das principais capitais de distrito do país foram transacionados a um valor médio de 2.100 euros por metro quadrado, o que corresponde a um aumento de 5% nos últimos 12 meses”, revela-se no estudo.
A par da estabilização de preços, assistiu-se, no primeiro semestre deste ano, a um aumento da oferta de imóveis disponíveis, num cenário de crescimento acelerado dos juros. No final de junho, havia 172.153 imóveis disponíveis no mercado, mais 4,63% do que no final do ano passado.
“Estamos a observar um aumento no número de listagens disponíveis no mercado, indicando uma maior seleção de propriedades para os compradores no mercado residencial”, destaca Gonçalo Abreu, co-fundador da Alfredo. “Aqueles que se encontram à espera do momento ideal para comprar casa, devem encarar este aumento de stock no mercado com otimismo. Os próximos meses serão cruciais para a definição do mercado a médio prazo”, acrescenta o responsável.
No relatório é ainda lembrado que os últimos dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), referentes ao primeiro trimestre deste ano, revelam que o mercado está a verificar ajustes na generalidade dos países. “Acertos que podem ter como origem o contexto de subida de juros no mercado imobiliário. Estes dados estão também em linha com a informação já partilhada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que mostra que, já no primeiro trimestre, o índice de preços da habitação aumentou 8,7% face ao período homólogo, o que corresponde ao crescimento mais baixo desde o segundo trimestre de 2021. Ou seja, os indicadores existentes apontam para um abrandamento no ritmo de subida dos preços das casas em Portugal”, sublinha-se ainda.