Em 2022, estrangeiros de 78 nacionalidades internacionais adquiriram 1.655 casas na Área de Reabilitação Urbana (ARU) de Lisboa, num investimento que ascendeu a €894,3 milhões, segundo a Confidencial Imobiliário, que lembra que a ARU abrange todas as freguesias da capital excepto Santa Clara, Lumiar e Parque das Nações.
No total, entre estrangeiros e portugueses, foram adquiridos cerca de 5.750 imóveis de habitação na ARU de Lisboa (num investimento global de €2.407 milhões). Ou seja, os estrangeiros mantiveram a sua quota de mercado estável, ficando em 37% do montante total investido (e 29% dos imóveis comprados na ARU) com os clientes portugueses a adquirirem 4.090 casas, no valor global de €1.513 milhões. Este montante reflete uma quebra de 4% face a 2021, enquanto o número de imóveis caiu 8%.
Em média, os estrangeiros investiram €540,4 mil por operação, em 2022. O valor global investido fica 7% abaixo dos €957,5 milhões registados em 2021 e em número de imóveis a quebra é de 10%, comparando com as 1.845 habitações adquiridas no ano anterior.
E se Portugal atrai cada vez mais diversidade, com as já referenciadas 78 nacionalidades, a realidade é que em quantidade, o país continua a ser procurado por clientes muito leais. Tal como tem acontecido desde 2018, o top 5 continuou a ser integrado por franceses, que ocupam a primeira posição, os norte-americanos que mantêm um sólido segundo lugar, chineses (ainda alicerçados nos vistos Gold), britânicos(bastante fidelizados ao mercado algarvio) e brasileiros (que há muito descobriram o país-irmão). Em conjunto, os clientes destes cinco países fizeram quase 60% do investimento internacional.
E quem mais investe? “São os brasileiros, com um ticket médio de investimento por operação de quase €700,0 mil, enquanto os franceses investiram, em média, €625,9 mil por transação. Norte-americanos, chineses e britânicos apresentaram tickets de investimento no patamar dos €500,0 mil”, apurou a Confidencial Imobiliário.
Os portugueses, que têm uma quota superior a 60% na ARU, investiram €369,9 mil por transação em 2022, o que significa que os estrangeiros investiram mais 45% por operação. Este gap é semelhante ao do ano anterior.
“Os níveis de atividade, em termos de montante investido, imóveis adquiridos e nacionalidades ativas, ficam pouco abaixo de 2021, sendo que este último foi um ano recorde influenciado por um contexto de corrida às aquisições para obtenção dos vistos gold, cujas regras seriam alteradas. Deduzindo este efeito, vemos em 2022 uma atividade em níveis superiores a qualquer um dos anos anteriores, o que significa que o interesse internacional não se dissipou depois de Lisboa deixar de ser elegível para os vistos gold”, reforça Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário. E acrescenta: “Isso é visível pela manutenção dos elevados níveis de atividade e da diversidade das nacionalidades ativas, mas também pelo facto de o ticket de investimento internacional ter aumentado, a par da maior dispersão geográfica do investimento, com bastantes mais freguesias fora do centro a captarem o interesse dos estrangeiros”.
Zonas mais procuradas
E quais são as zonas mais desejadas pelos estrangeiros para habitar? Santo António vem à cabeça do Top3 tendo atraído €138 milhões em investimento, seguido da Estrela (€135,3 milhões) e fechando com Arroios (€97,9 milhões). Nas posições seguintes surge a Misericórdia (€89,3 milhões), Avenidas Novas (€78,1 milhões) e Santa Maria Maior (€76,5 milhões) como alvos preferenciais dos estrangeiros e quotas a variar de 15% a 9% sobre o montante global de investimento estrangeiro em 2022.
Ainda que estas sejam as 6 freguesias mais procuradas, “há um claro aumento do interesse por várias freguesias do eixo ocidental como Belém, Ajuda e Alcântara, e outras do eixo oriental, casos de Marvila, Beato e Olivais”, diz a Confidencial Imobiliário no seu relatório, adiantando que “foi nestas freguesias que o investimento estrangeiro mais cresceu, reforçando a quota destes territórios no mapa das compras internacionais de Lisboa (quase todas concentram agora 2% a 4% do investimento em habitação por estrangeiros)”.