2023 vai ser um bom ano para a reabilitação. Com a inflação em alta e os preços na construção a subir, espera-se uma desaceleração do lançamento de novos projetos e uma maior pressão sobre os usados renovados. Um negócio que tem dado impulso à empresa italiana Casavo, que entrou em Portugal há um ano centrada em Lisboa, e vai agora expandir para Oeiras e Cascais.
A plataforma é uma propetch imobiliária e tem o estatuto de iBuyer (compradora instantânea) pois garante a compra de imóveis com um tempo mínimo de uma semana, caso o imóvel esteja livre de impedimentos legais. Uma vez feita a aquisição, a empresa renova as casas e volta a colocá-las, já remodeladas no mercado.
“O facto da construção nova estar limitada devido aos atrasos nos licenciamentos, à escassez de mão-de-obra e ao custo das matérias-primas tem levado a que os promotores imobiliários aumentem os preços de venda ou adiem o desenvolvimento dos projetos. Mas as famílias mantém as suas necessidades de compra de casa e é por isso acreditamos que será cada vez mais importante renovar os imóveis usados que se encontram envelhecidos ou desatualizados e nesse aspecto a Casavo pode ter um papel fundamental na reabilitação do edificado”, sublinhou Duarte Ferreira dos Santos, vice president of investments da Casavo em Portugal.
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No primeiro ano a plataforma gastou 20 dos 100 milhões que tem disponível para a aquisição de imóveis e em 2023 pretende quadruplicar esse valor. “A Casavo entrou em Lisboa em janeiro de 2022 e desde então já realizámos mais de duas mil avaliações na nossa plataforma”, diz à Visão Duarte Ferreira dos Santos, acrescentando que “esta recetividade por parte do mercado é a prova de que as pessoas reconhecem que o setor imobiliário precisa de soluções inovadoras e processos de compra e venda mais simples e mais cómodos”.
A maioria dos imóveis adquiridos pela Casavo integram edifícios construídos antes da década de 80 e por isso necessitam de intervenções mais profundas para garantir o conforto térmico e a eficiência energética do imóvel. O tempo médio das remodelações ronda os dois a três meses e o valor investido pode variar entre os 50 mil até aos 75 mil euros.
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Neste primeiro ano a atuar no mercado da capital, a Casavo esteve focada em zonas onde a procura doméstica é muito ativa como Benfica e São Domingos de Benfica, Telheiras, Arroios, Carnide ou a Ajuda, por exemplo. “Devido à falta de oferta de construção nova a preços que as famílias jovens possam pagar existe uma grande procura por imóveis usados, porém, renovados. Cada vez mais, as pessoas priorizam a sustentabilidade e a eficiência energética e quando procuram casa existe a preocupação de arranjar uma alternativa à construção nova mas com o mesmo nível de qualidade e obviamente a um preço mais acessível”, realça o responsável da Casavo.
Apesar de admitir que o atual cenário inflacionário marcado pela subida das taxas de juros para aquisição de habitação poderá desacelerar o número de transações, Duarte Ferreira dos Santos afasta, contudo, uma situação recessiva no mercado imobiliário. “Não acredito que venha a acontecer uma crise no mercado como a de 2008 e nos anos que sucederam. Por um lado, o perfil da procura é hoje muito diversificado, marcado não só por uma procura nacional mas também internacional, além de que há muitos compradores com capacidade financeira sem necessidade de recorrer ao crédito. Por outro lado, os bancos estão atualmente melhor preparados para enfrentar uma crise e para gerir incumprimento nos contratos de crédito”, lembra o responsável da Casavo.
À necessidade de casa também por falta de opções no mercado de arrendamento, junta-se a questão da sustentabilidade que tem um peso crescente junto das famílias mais jovens que adquirem um imóvel. E não se trata só de adquirir um espaço habitacional que cumpra os preceitos da eficiência energética. “O nosso parque habitacional está bastante envelhecido e acreditamos que a renovação do mesmo, para além de permitir oferecer este tipo de produto às famílias que o procuram, é também uma via sustentável de mitigar o impacto da construção nova, de ocupação do terreno, que é um tema que hoje em dia é tão falado e por isso acredito que a tendência será cada vez mais a de reabilitarmos o edificado de que já dispomos”, referiu o gestor. “É preciso apostar na regeneração dos centros das cidades em vez da expansão para fora dos centros urbanos e da ocupação de mais terrenos”, reforçou ainda.
Fundada em 2017 na Itália, a plataforma propõe-se revolucionar a experiência de compra e venda de casas na Europa, utilizando tecnologia patenteada em cada etapa do processo de transação para tornar célere o processo de aquisição. Atualmente, opera em Milão, Roma, Turim, Florença, Bolonha, Madrid, Barcelona, Lisboa e França. No ano passado, numa ronda de captação de investimento, a Casavo atraiu 400 milhões de euros junto de investidores, a maior soma até hoje alcançada na Europa por uma startup imobiliária.