Os recordes de venda de casas continuam a ser batidos provando que, por enquanto, as subidas das taxas Euribor (ainda) não assustam os portugueses. Desta vez a novidade vem do grupo ERA imobiliária que teve o terceiro melhor trimestre de sempre em 24 anos de existência em Portugal. O grupo faturou cerca de 23 milhões de euros só entre julho e setembro (mais 10% face ao período homólogo) correspondentes à transação de imóveis com um valor total de 455 milhões de euros. O valor médio de transação situou-se nos 153 mil euros, um crescimento de 17% face ao período homólogo de 2021.
“Há uma grande vontade das famílias portuguesas em comprarem casa e esta é também uma tendência junto dos compradores estrangeiros que descobriram Portugal” acentua Rui Torgal, CEO da ERA, sublinhando estar otimista de que 2022 fechará como “o melhor ano de sempre da ERA”.
O contexto desfavorável de descida das taxas Euribor para acesso ao crédito bancário e a subida da taxa de inflação não deverão interferir neste objetivo, reforça Rui Torgal, afastando os cenários “catastróficos” que têm vindo a surgir nos media.
“É preciso lembrar que há demasiada procura e pouca oferta de imóveis. No nosso caos, por exemplo, a rede registou um crescimento de 5% nos clientes compradores que não foi acompanhado por um crescimento significativo de clientes vendedores, uma confirmação do desequilíbrio que existe entre a oferta e a procura”, referiu.
“Quanto às taxas, estamos a falar de taxas que aumentaram para os 2%… Ora isso é perfeitamente normal, o que não era normal era o mercado estar a funcionar com taxas negativas, a realidade que tivemos nos últimos anos”, sublinhou o CEO da ERA.
Para Rui Torgal, o mercado irá simplesmente “ajustar-se” nos próximos tempos, lembrando que há pouco mais de dois anos, no início da pandemia, muitos acreditaram que o setor imobiliário iria ‘congelar’ quando sucedeu precisamente o contrário. “E o que aconteceu? O mercado foi-se ajustando. Muitas pessoas foram para as periferias onde agora se constrói muito e com muitíssima qualidade”, diz o responsável, acrescentando que a realidade atual é totalmente diferente dos tempos da Troika quando os bancos não eram obrigados a cumprir exigências de taxa de esforço dos clientes e estes não tinham os atuais níveis de poupança que atualmente existem proporcionados pela mobilidade imposta pela pandemia (e que lhes poderão valor nos tempos mais próximos para fazer face aos aumentos das prestações).
Assim, e para fazer face à procura de produto novo, o grupo ERA quer consolidar ainda mais o seu departamento de Novos Empreendimentos. Entre julho e setembro, a rede lançou mais de 1.500 novas unidades, um aumento de 3% em comparação ao período homólogo. Ou seja, uma média de 500 novas casas por mês. O peso dos novos alojamentos no portefólio habitacional da rede ERA neste trimestre corresponde assim a 26%.
“Estes novos imóveis estão bem distribuídos de norte a sul do país, mas existe uma maior concentração nas periferias de Lisboa e do Porto”, adiantou ainda Rui Torgal. O objetivo do grupo é reforçar esta área e trabalhar de forma ainda mais estreita com os promotores e construtores não só para os ajudar a encontrar os lotes de terreno onde pretendem construir mas também a definir o produto. “Há locais onde faz mais sentido construir só T1s ou T2 e outros onde são necessárias outro tipo de tipologia. As nossas lojas e agentes, por estarem inseridos nos bairros, sabem melhor do que ninguém quais são as necessidades de cada zona”, rematou ainda o responsável.
As 1.500 novas unidades estão distribuídas por 75 empreendimentos. Os concelhos de Lisboa e Porto concentram cerca de 20% desse total estando o restante distribuído pelo resto do país.