É um dos maiores grupos imobiliários dos Estados Unidos, está presente em mais de 50 países e está em Portugal desde 2014. A Keller Williams (KW) está a atravessar um momento de grande crescimento – só nos primeiros três meses deste ano, a rede viu o seu volume de negócio subir 62% em relação ao ano anterior atingindo a meta de 620 milhões de euros assegurados por 2.600 colaboradores que reportam a 31 Market Centers situados de norte a sul do país.
A subida das taxas Euribor em todas as frentes (a Euribor a três meses, a única que ainda se mantinha negativa e atingiu ontem terreno positivo) não parece estar a afetar a intenção das famílias portuguesas – que representam 90% dos clientes da KW – em comprar casa.
“Dizem as estatísticas que as pessoas mudam de casa de dez em dez anos mas com a pandemia, por causa do percurso de valorização que o mercado imobiliário sentia desde 2013, muita gente pensou que era excelente altura para mudar de casa. Portanto, o mercado ficou ainda melhor na pandemia e até compensou a queda da procura dos estrangeiros, que entretanto já voltou. Mas de facto nos últimos dois anos, muitos portugueses mudaram de casa porque apesar de tudo sentiram a economia estável, olharam para as taxas de juro baixíssimas e, aproveitando a valorização das casas, queriam uma habitação melhor, com mais espaço exterior e pensaram – porque não aproveitar agora?”, aponta Eduardo Garcia e Costa, Regional Owner da Keller Williams Portugal.
Um efeito que ainda se sente apesar das recentes mudanças no rumo das taxas Euribor. “Eu diria que quem tem um perfil mais conservador está mais preocupado mas as pessoas, os clientes em geral, não, até porque a Euribor está historicamente baixíssima”, sublinha o responsável.
A falta de casas novas no stock de imóveis disponíveis para vender continua a assegurar um ritmo rápido de transação o que acaba por alimentar as dinâmicas do mercado – quem vende com boa valorização a sua casa, compra outra dentro dos seus novos parâmetros, provocando um impacto direto na construção e reabilitação.
Marco Tairum, diretor regional da KW Portugal, dá o exemplo do fenómeno da procura nas periferias de Lisboa que se consolidou com a pandemia e a possibilidade de teletrabalho moldando o mercado de oferta de habitação a esta nova realidade.
“A oferta da tipologia de moradias está a alterar-se para responder à capacidade real de compra dos portugueses. Temos muitas moradias na nossa carteira de tipologia V2, que era algo praticamente inexistente até à pandemia pois era tudo acima de T3. E neste momento, sobretudo no produto novo que está a ser colocado no mercado e exatamente para poder responder ao poder de compra dos portugueses, começa a surgir mais oferta de moradias V2”, explica Marco Tairum.
Os mercados que mais crescem neste tipo de produto “estão integrados na Área Metropolitana de Lisboa com destaque para Mafra e Vila Franca de Xira”, reforça este responsável.
Quase como uma democratização da chamada vivenda. “O fenómeno que está a acontecer é que os construtores estão a fazer moradias para a classe média e essas têm de ter uma tipologia mais pequena para poderem apresentar preços mais baixos”, reforça Eduardo Garcia.
Com una faturação no ano passado a bater os 1.600 milhões de euros, a KW Portugal tornou-se a segunda melhor empresa dentro do grupo (ao nível da Europa).
“A KW está presente em 56 países e entre estes, Portugal está em segundo lugar em faturação e número de consultores, só atrás da França
Por regiões, o top 3 da faturação é ocupado “pelo grande Porto, grande Lisboa e Algarve que representam 70% do mercado”, segundo o Regional Owner, acrescentando que Aveiro e Funchal são também apostas fortes do grupo. “Mas olhamos para todos os mercados a nível nacional que tem mais de 100 milhões de euros de transações imobiliárias por ano”.
A formação dos consultores é uma pedra basilar no crescimento da rede. “Esse é um princípio fundamental para nós e a base de tudo e por isso em vez de termos, como fazem outras marcas, um fundo de promoção, todo o nosso investimento é canalizado para formação e coaching”, realçou Eduardo Garcia, lembrando o reconhecimento desse esforço com o grupo americano “a ser distinguido pela Training Magazine como a melhor empresa de formação do mundo mesmo competindo com as tecnológicas”.
A pandemia trouxe a possibilidade de reforçar essa componente via online. “Devido às especificidades da Covid, nos últimos dois anos, a formação migrou para o online através do zoom e se antes dois grandes eventos por ano para formação, agora temos formações desde há 2 anos e 4 meses, on line todas as semanas”, apontou ainda.
Até ao final deste ano a rede imobiliária conta ter 3.200 consultores de norte a sul do país.