A pandemia trocou as voltas a muitas empresas que tiveram de reajustar os seus espaços e o número de colaboradores que voltam a cruzar-se nas áreas de trabalho. Mesmo com o sistema rotativo do teletrabalho, muitas empresas tiveram de tomar decisões estruturais para os seus espaços antigos ou mesmo novos, a estrear, para fazer face à nova realidade que poderá vir a repetir-se no futuro.
É o caso das novas instalações da Axians, empresa tecnológica que faz parte do grupo VINCI Energies e que promove, entre outras, soluções de cibersegurança e Data Analytics.
A empresa instalou-se recentemente no antigo palacete situado no número 87 da avenida da República, projetado em 1906 pelo arquiteto J. Rodrigues Pietro e um dos primeiros e poucos exemplares de arquitetura Art Deco em Lisboa. Durante anos ocupado por uma instituição bancária, o edifício passou por uma reviravolta arquitetónica no seu interior para criar um espaço criativo e tecnológico, o Creative Workplace da Axians Digital Consulting, ( Edificio República 87 ).
Com áreas de open-space que somam 2.700 m² divididas por quatro pisos, o edifício acolhe zonas de trabalho multidisciplinar, um espaço de restauração, auditório, espaços well-being, salas de reunião e lounge, e uma área original de co-criação na cobertura para receber clientes e parceiros.

“O edifício esteve fechado durante algum tempo e quando o fui visitar, ainda antes da pandemia, era um espaço bastante escuro e degradado. Mas a intervenção foi mais uma obra de arquitetura de interiores do que de engenharia civil: as estruturas interiores que não faziam parte do edifício original foram retiradas e foi recuperada a área em open-space. Apostou-se na recuperação de luz natural e foi criado um jardim interior. A questão da qualidade do ar e da densidade de pessoas nos espaços, ainda para mais em tempos de pandemia, foi muito acompanhada e por isso as zonas de trabalho são muito abertas”, explica Carmo Palma, managing director na Axians Portugal
Projetado pelo ateliê Better Place, o edificio da Axians foi intervencionado durante a pandemia para acolher os cerca de 550 colaboradores desta empresa tecnológica.
“Tenho a certeza que se tivesse desenhado este layout em 2019 ele seria bastante diferente… Assim, de certa forma, já incorpora os ensinamentos que retirámos de trabalhar em pandemia, ou seja, de uma forma híbrida – parte do tempo em casa, a outra parte no escritório”, realça Carmo Palma.
Assim, diz a responsável, “o espaço contempla desde logo várias salas preparadas para vídeo-conferências que promovem esse ambiente misto”, permitindo também gerir da melhor forma a questão da densidade populacional. Uma gestão que a responsável acredita não ser de curto prazo. “Acreditamos em alguns estudos publicados que apontam para que esta não será a última pandemia. E portanto, apostámos em criar um espaço pouco denso mas em simultâneo confortável e adequado a promover a colaboração. Um terço de área útil foi abdicada para assegurar uma melhor qualidade de ar no escritório”, sublinha a responsável.

Ao contrário da questão da pandemia que teve de ser inesperadamente ajustada nos planos de distribuição logística dos colaboradores, a sustentabilidade que se pretendia para a nova sede da Axians esteve sempre em primeiro plano desde que se tomou a decisão de instalar o centro tecnológico na Avenida da República.
“A centralidade era muito importante para nós porque sempre quisemos promover deslocações sustentáveis para o escritório daí a proximidade aos transportes públicos. Ninguém tem lugar de estacionamento privado na empresa, eu incluída, um tema que geri com muito cuidado uma vez que o lugar de garagem é algo que as pessoas privilegiam muito. Optámos antes por assegurar estacionamento para quem vem de bicicleta”, reforça ainda a administradora, acrescentando que foi também criada uma zona de balneários para quem necessita tomar um duche após vigorosas pedaladas até chegar à empresa.
Na cobertura foi um concebido um espaço de “co-criação”. “O objetivo é trazer os nossos clientes para aqui e trabalharmos diretamente com eles em projetos específicos, Ou com universitários. Queremos ter na nossa casa um espaço aberto para a criação”, remata ainda a responsável.
A Axians, recorde-se, tem feito uma clara aposta no talento nacional e ainda no ano passado, em plena fase de pandemia da Covid-19, a empresa recrutou 263 pessoas que integraram as equipas da Axians de Lisboa, Porto e Castelo Branco.