Muitos foram os que acreditaram que o mercado imobiliário iria sucumbir à pandemia, provocando uma derrocada nos preços dos imóveis.
Mas após mais de um ano de convivência com o vírus já se percebeu que o setor conseguiu provar a sua resiliência. Os mais recentes números que atestam estes resultados vêm da consultora internacional Savills que analisou o comportamento dos preços no mercado residencial de luxo em 30 cidades de todo o mundo. E a conclusão da análise do “World Cities Index” é que as taxas de juro consistentemente baixas, o fortalecimento da confiança dos compradores, aumento do número de transações a preços mais altos e as medidas de estímulo económico para combater os efeitos negativos da pandemia de COVID-19 foram alguns dos fatores que contribuíram para o aumento do valor de residências prime.
No topo do “World Cities Index” estão as cidades chinesas de Xangai e Guangzhou, com taxas de crescimento dos respetivos mercados residenciais prime de 13,7% e 7,9% no primeiro semestre do ano. “Este fortalecimento é reflexo da noção de que o imobiliário continuará a ser um investimento seguro na China, apesar de algumas políticas desse país terem procurado refrear o aumento dos preços das propriedades residenciais”, refere a Savills.
Do outro lado do Oceano Pacífico, Los Angeles e Miami são as duas cidades dos Estados Unidos da América que se destacam no índice da Savills, com aumentos de 12% e 9,1% nos valores dos respetivos mercados residenciais prime. Este crescimento deveu-se, sobretudo, à migração interna, fruto de relocalizações relacionadas com o teletrabalho e condições fiscais mais favoráveis.
Das 30 cidades analisadas pela Savills, somente três – Roma, Milão, Madrid – não registaram aumentos. Outras quatro – Barcelona, Paris, Mumbai, Nova Iorque – registaram contrações no valor dos mercados residenciais prime.
Concluiu-se ainda que as cidades que não registaram crescimento são aquelas cujos mercados residenciais prime dependem fortemente de investimento estrangeiro, e a pandemia veio levantar múltiplos obstáculos à movimentação transfronteiriça de capital, tal como aconteceu em Nova Iorque e Barcelona, por exemplo.
Por cá, o mercado residencial prime em Lisboa registou um aumento de 4,5% entre janeiro e junho de 2021, com o valor médio de propriedades residenciais prime a chegar aos 8600 euros por m2.
Ricardo Garcia, diretor de Residencial da Savills Portugal, confirma que “se tem vindo a verificar um aumento gradual da procura de imóveis prime devido ao maior controlo da pandemia e à abertura de alguns mercados”. Para o responsável, a tendência deverá consolidar-se “com a aceleração da vacinação e que se espera venha a ser materializada no último trimestre do ano” com o devido impacto na procura. “Portugal, nomeadamente o setor de imóveis prime, continuará a ser um mercado muito apetecível e que beneficiará com a abertura dos mercados. Prevê-se um último trimestre forte”, rematou o responsável.