Tem em carteira mais de 600 imóveis, 250 dos quais acima de meio milhão de euros localizados no Porto e toda a envolvente que se estende até uma hora de carro e onde se incluem casas em Gaia, Matosinhos, Braga ou Guimarães. Localizações periféricas que já vinham a ganhar estatuto ainda antes da pandemia por oferecerem alternativas com melhor relação preço/qualidade que a Invicta e, que ao longo deste último ano, reforçaram as suas posições muito alicerçadas no teletrabalho motivado pela pandemia.
Fatores que ajudam a explicar a evolução da Engel&Volkers no norte, que pelo segundo ano consecutivo, através da agência do Porto (inaugurada em 2018), atingiu o lugar cimeiro em termos de resultados (mais de 24 milhões) dentro da exclusiva rede Engel & Völkers em Portugal com 13 agências especializadas em imóveis para o segmento médio-alto/alto.
Gustavo Soares, diretor-geral da agência Engel&Volkers do Porto e da recém-criada loja em Vila Nova de Gaia, lembra a “pujança” financeira que existe a norte junto do mercado doméstico – que representa 70% dos clientes da empresa – e que em tempos de pandemia não só não tem refreado as compras imobiliárias como até tem avançado para patamares mais elevados, ainda que a maioria das transações se situe “na baliza dos 250 aos 650.000 mil euros”.
“A compra de casa com valores acima de um milhão de euros é um mercado que tem estado muito ativo por parte de nacionais. Creio que também tenha a ver com a questão psicológica, ou seja, muitas das decisões de compra de casa que foram sendo adiadas nos últimos anos de certa forma desbloquearam agora. As pessoas que têm capital estão a resolver comprar mais rapidamente, querem defender as suas posições de compradores principalmente em determinadas localizações-chave até porque não sabem o que vai acontecer no futuro e não querem arriscar esperar mais”, diz o responsável, colocando no TOP 3 das zonas com mais procura a Foz, Nevogilde e Avenida Brasil, logo seguidas de toda a envolvente à Marechal Costa, Serralves e Parque da Cidade.
Ativo está também o mercado da reabilitação, diz Gustavo Soares. Aliás, o imóvel mais caro vendido pela agência em 2020 foi um edifício na Foz para reabilitar, vendido por 20 milhões de euros.
“Abrimos a agência do Porto há pouco mais de dois anos, precisamente em setembro de 2018, e crescemos imediatamente dentro de uma rede que tem 13 escritórios em Portugal. Foi uma grande e boa surpresa perceber o interesse no mercado do Porto e não só”, sublinha Gustavo Soares.
O “não só” estende-se a uma dinâmica que tem vindo a crescer nas periferias que graças aos bons acessos permitem colocar as pessoas em meia hora ou pouco mais da cidade do Porto caso aí desenvolvam a sua atividade profissional. E que levou Gustavo Soares e avançar a abertura de uma outra agência, desta vez em Vila Nova de Gaia.
“A diferença do metro quadrado entre Gaia e o Porto pode chegar a 50%… E no entanto, se olharmos para os arredores do Porto em localizações como Matosinhos, Vila Nova de Gaia e também o Minho onde se inclui Braga que é um cluster muito importante, estamos a falar de áreas que tiveram uma reabilitação urbanística muito significativa… Isto faz com que as pessoas saiam para fora do centro do Porto onde também podem encontrar projetos muito interessantes em termos arquitetónicos e que sabem tirar partido da proximidade do mar ou do rio”, exemplifica, realçando que, em termos gerais do mercado imobiliário, entre 2015 e 2019, Vila Nova de Gaia cresceu 57% em número de transações imobiliárias, Braga cerca de 55% e Matosinhos aumentou 43% em termos de comparação com o Porto.
“Antigamente existia uma grande diferença entre o Porto e as restantes zonas mas hoje em dia já é possível percorrer a orla marítima e mal notar a diferença. É por isso natural que a procura comece a ir para todo o lado”, refere Gustavo Soares.
Dados da Confidencial Imobiliário, empresa especializada em informação estatística para o setor, mostram, efetivamente, que não só o Porto mas toda a região Norte, está em alta no que diz respeito aos novos projetos que entraram para licenciamento, apurados a partir dos pré-certificados energéticos emitidos pela ADENE (Agência de Energia).
“Em termos geográficos, Lisboa e Porto continuaram a ser os principais destinos da promoção residencial em 2020, registando pipelines de 2.695 fogos e 2.444 fogos, respetivamente. Outros nove concelhos do país contabilizam carteiras com mais de 500 fogos neste período, destacando-se Matosinhos e Vila Nova de Gaia, os únicos além de Lisboa e Porto onde o pipeline supera as 1.000 unidades (1.229 e 1.179 fogos, respetivamente)”, dizem os números da Confidencial Imobiliário, que destaca ainda, a norte, Braga (800 fogos), Guimarães (700 fogos) ou Vila Nova de Famalicão (600), cidades a meia hora de distância da Invicta, entre as cidades mais ativas na captação de novos projetos.
“Só entre Gaia, Matosinhos e Braga estão em execução cerca de 500 milhões de euros de investimento imobiliário”, sublinha Gustavo Soares, dando como exemplo, os projetos da Quinta Marques Gomes (promovido pela United Investments Portugal), do River Plaza (da Teixeira Duarte), ambos em Vila Nova de Gaia ou o Hilgarden (da Holding Isidro Lopes), em Santa Maria da Feira.
Apesar da dinâmica imobiliária e do mercado doméstico pesar na carteira das duas agências, os clientes estrangeiros – que representaram 40% em 2019 e baixaram para 30% em 2020 – são também fundamentais à sobrevivência da empresa, razão pela qual o fim dos vistos Gold em 2022 para as zonas do litoral, ser uma das preocupações do empresário.
“A ideia generalizada de que este setor não tem crise, tem desprotegido muito as suas empresas deixando-as à mercê delas mesmas. E é preciso lembrar que estas empresas, cerca de 7.500, são hoje de grande dimensão e com uma forte responsabilidade em termos de emprego. No passado foram responsáveis por acolher e integrar profissionalmente muito desemprego de outras áreas, tão diversas, como por exemplo a banca”, rematou Gustavo Soares.
Para este ano, o grande desafio do escritório, para além da consolidação da operação e a manutenção da liderança em Portugal, é integrar o restrito lote dos 10 melhores escritório na Península Ibérica.