Foi construído há quatro séculos para ser um convento e após a extinção das ordens religiosas funcionou como tribunal militar, quartel e prisão. Esteve desocupado durante mais de uma década, período durante o qual sofreu dois incêndios (entre outras acções de vandalismo) mas no ano passado o esplendoroso Convento de São Paulo, em Elvas, renascia literalmente das cinzas ao reabrir as suas portas transformado num hotel de 80 quartos da Vila Galé Collection, a primeira unidade hoteleira a ser inaugurada no âmbito do programa Revive.
Concebido para dar vida nova a imóveis de interesse público que o Estado não tinha capacidade para reabilitar e dar um uso mais próprio, o programa Revive tem feito sucesso dentro e fora de fronteiras e vai agora ser replicado no Brasil. A formalização dessa partilha vai ser hoje selada através de um protocolo assinado entre o Ministério da Economia português e o Ministério do Turismo do Brasil, para a cooperação na adaptação e implementação do Programa Revive no ‘país-irmão’.
Este protocolo “é mais uma oportunidade para reforçar e intensificar a cooperação no domínio do Turismo entre ambos os países, no âmbito do Acordo de Cooperação no Domínio do Turismo entre Portugal e o Brasil, assinado em Salvador, em 30 de Outubro de 2005, que considera os profundos laços históricos e culturais que unem os dois países”, avança o Ministério em comunicado.
“Na sua deslocação a Lisboa, o ministro do Turismo do Brasil visitará imóveis do Programa Revive, como o Convento da Graça, em Lisboa, cujo contrato de concessão foi assinado para exploração de um Hotel de cinco estrelas, e o Paço Real de Caxias, em Oeiras, cujo contrato de concessão foi o mais recente contrato assinado (12.º contrato), com a renda anual de 216 mil euros pela concessão, sendo o investimento de recuperação do imóvel estimado em cerca de 11,6 milhões de euros”, refere ainda o comunicado.
Lançado em 2016 pelo Governo, o Programa REVIVE já mereceu o aplauso da OCDE, que no seu mais recente relatório “Tourism Trends and Policies 2020”, o cita como um exemplo a seguir “na promoção da requalificação e subsequente aproveitamento turístico de imóveis do Estado com valor arquitectónico, patrimonial, histórico e cultural e cujo potencial de atractividade não está a ser aproveitado pelas regiões em que se inserem, nem viabilizada a sua fruição pelas respectivas comunidades”.
Em Portugal, a primeira fase do Programa REVIVE abrangeu 33 imóveis, tendo a segunda fase incluído posteriormente mais 16 imóveis. Atualmente, o REVIVE integra um total de 49 imóveis, dos quais 21 localizam-se na região interior do País. Até ao momento foram lançados concursos para a concessão de 21 imóveis no Revive, tendo sido adjudicadas 14 destas concessões, que representam um investimento total estimado em cerca de 118 milhões de euros e rendas anuais na ordem dos 2,367 milhões de euros.