Acabar com os vistos gold em Lisboa e no Porto poderá ser a solução para conseguir habitação para os portugueses da classe média? Dificilmente. A solução poderá estar antes na cedência, a promotores privados, de terrenos que estão na posse dos vários municípios das Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto. Em contrapartida, os promotores comprometiam-se a ceder parte dos fogos construídos para arrendar ou vender a preços controlados.
O desafio foi lançado por Luís Lima, presidente reeleito da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), durante a cerimónia de tomada de posse dos órgãos Sociais que se realizou quarta-feira nos Paços do concelho da Câmara de Lisboa.
Na presença das secretárias de Estado da Habitação e do Turismo, respetivamente Ana Pinho e Rita Marques, e de Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, o porta-voz dos mediadores imobiliários reiterou a necessidade de se agir rapidamente. “Não adianta sonharmos com as milhares de casas que ainda existem quando estas não estão no mercado, não têm condições de habitabilidade ou pura e simplesmente estão em locais onde não existe procura. É preciso agir já. Apelo ao Governo e às autarquias que não percam tempo e que avancem com medidas concretas, em parceria com os privados”, salientou Luís Lima.
O responsável, que foi reeleito para dirigir a APEMIP com 98% dos votos para um novo mandato até 2022. lembrou que só o aumento da oferta de imóveis poderá trazer “equilíbrio de preços ao mercado”.
Entretanto, e em comunicado divulgado hoje, o responsável voltou a falar dos riscos de se acabar de forma liminar com os vistos gold para as Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto a ser aprovada a proposta do Partido Socialista de pôr fim à concessão de ‘vistos gold’ nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto.
“Repito que não concordo com qualquer decisão que tenha como objetivo travar a procura, muito menos quando estão a ser consideradas as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. A primeira inclui 17 municípios e a segunda 14. Será que os concelhos de Palmela, Setúbal, Barreiro, Valongo, São João da Madeira ou Gondomar não precisam de investimento? Volto a insistir na ideia de que, ao invés do cancelamento, poderá ser pensado um reajuste do programa para os municípios de Lisboa e Porto, alterando o valor mínimo de investimento dos 500 mil para um milhão de euros, por exemplo”, defendeu Luís Lima.