Aos nove anos, tudo é possível. Nessa idade, a imaginação é um terreno fértil onde as ideias mais estranhas (que são as mais geniais) se podem enraizar e florescer. Depois, começam os medos e os cálculos. Chamamos a isso amadurecimento, sem nos apercebermos que essa maturidade implica uma ausência de riscos na forma de pensar que trava muitas grandes ideias. Foi aos nove anos que David Aguilar teve a ideia que viria a marcar o resto da sua vida.
Começou, como não podia deixar de ser, como um jogo, enquanto montava um dos seus kits de construção de Legos. Porém, em vez de dispor as peças para se transformarem nas hélices ou na cabina do helicóptero para que foram desenhadas, decidiu colocá-las à volta do seu braço, um braço pequeno e deformado devido à síndrome de Poland, uma rara doença congénita com a qual nasceu e que afetou o seu peitoral direito e o antebraço do mesmo lado. Naquele dia, David imaginou que as suas peças de Lego podiam tornar-se numa extensão da extremidade, uma espécie de prótese que o ajudaria a executar alguns movimentos. E, como aos nove anos, tudo é possível… transformou a sua ideia em realidade e num lema que tem guiado os seus passos até hoje.
Mais sobre o Vodafone Future
Oficial YouTube Facebook Linkedin
Aquela primeira ideia infantil transformou-se, anos depois, numa verdadeira prótese fabricada também com peças de Lego. Ferrán Aguilar, pai de David, recorda a noite em que o filho foi à sala para lhes mostrar a sua nova invenção, com a qual podia fletir o braço e agarrar objetos: “Foi um momento mágico.” Foi precisamente Ferrán que começou a partilhar vídeos e fotografias de David nas redes sociais, tendo os mesmos chegado à Lego. A empresa enviou-lhes uma carta emotiva, na qual assegurava que tinham ficado “Sem palavras… A força e a perseverança do David são algo que nos faz sentir orgulhosos e que nos leva a querer continuar a dar a todas as crianças do mundo a oportunidade de chegar às nossas peças Lego.”
Graças àqueles vídeos, David tornou-se numa pequena celebridade: deu conferências e foi entrevistado por meios de comunicação de meio mundo (incluindo a CNN ou o National Geographic), mas o mais importante é que, ao terminar o liceu, recebeu um convite da UIC Barcelona para estudar Bioengenharia. Aos 19 anos, e sem deixar de parte a curiosidade que guiou os seus projetos desde criança, olha para o futuro com otimismo e sabe bem o que quer fazer: “O meu sonho é ajudar pessoas que estejam na mesma situação que eu.”
Entrevista e edição: Noelia Núñez, Cristina López Texto: José L. Álvarez Cedena