Provavelmente já sabe que hoje à noite há eclipse da Lua. E muito mais longo que o habitual – o mais longo do século. O fenómeno terá uma duração aproximada de uma hora e 45 minutos. Em Portugal Continental, a Lua vai nascer já em eclipse, mas, ainda assim, vai ser possível observar o fenómeno entre as 20h47 e as 22h00. O eclipse será mais visível pelas 21h22.
É, portanto, provável que queira fotografar este fenómeno. Use a câmara com maior zoom que tem em casa e siga estas dicas para conseguir melhores resultados. Os smartphones serão quase inúteis neste tipo de fotografia.
Escolha o melhor local
Para melhores resultados, fotografe a partir de um sítio com pouca iluminação. Ou seja, o melhor é sair das cidades e das vilas e procurar um lugar mais isolado. Deve escolher um sítio com melhor visão sobre o horizonte possível. Ou seja, sem prédios, montes e outros obstáculos entre si e a Lua. Não se esqueça que a Lua nasce a este.
Use um tripé
Para melhores resultados, sobretudo se tem a sorte de ter uma objetiva com grande capacidade de ampliação ou uma câmara superzoom, o tripé é muito recomendável.
Se não tem um tripé, pode sempre recorrer a outros suportes. Por exemplo, colocar a câmara sobre um muro e usar uma peça de roupa para inclinar a câmara em direção à Lua. Neste caso, para melhores resultados, recomendamos que use o “timer” da câmara: programar a máquina para fotografar alguns segundos após pressionar o botão (deste modo evita o movimento da câmara que pode acontecer quando se pressiona o botão).
Cuidado com o foco
Como a Lua é brilhante relativamente ao céu e, dependendo da objetiva, pode ficar relativamente pequena no enquadramento, muitas câmaras poderão ter dificuldade em focar automaticamente. Use o zoom da objetiva no máximo – é claro! – e utilize, se existir, a possibilidade de aumentar ainda mais no ecrã da câmara (muitas máquinas têm a opção de aplicar uma ampliação extra para se perceber se a focagem está bem feita). O melhor é mesmo recorrer à focagem manual e defini-la para o infinito (máxima distância na objetiva).
Escolha o melhor momento
O melhor é começar a fotografar logo que a Lua apareça no horizonte. Até porque pode “captar” a Lua mais próxima do horizonte. Ou seja, quando nascer, o que vai acontecer pouco pelas 20h47 em Portugal Continental, pelas 21h05 na Madeira e pelas 20h52 em São Miguel, Açores. Pode consultar a página https://www.timeanddate.com/eclipse/map/2018-july-27 para obter a hora certa para a sua zona de observação.
No entanto, em termos de fotografia, provavelmente será mais interessante optar por uma altura com maior contraste: quando o céu está mais escuro. O que acontece mais “noite dentro”.
Mude para medição pontual
Se não tem experiência em fotografia, é muito provável que não faça o acerto manual da exposição. Ou seja, deverá estar habituado a fotografar em modo automático ou semiautomático. Como a Lua só deverá ocupar uma parte pequena do enquadramento – a não ser que uma objetiva realmente grande – a medição automática da máquina deverá produzir uma imagem desequilibrada, com tendência para deixar a Lua demasiado brilhante e, consequentemente, sem pormenor. Consulte o manual da sua máquina e descubra como fazer uma medição de luz pontual (normalmente ficará com apenas um ponto de medição no centro da imagem). Depois só tem de fazer a medição com a Lua no centro do enquadramento – se quiser que a Lua não fique no centro da imagem, de modo a obter um enquadramento mais interessante, faça a medição (pressionar o botão de disparo até meio caminho, o que normalmente origina um “beep”) com a Lua no centro e depois, sem levantar o dedo, mova para o enquadramento pretendido e acabe de pressionar o botão de disparo.
Experimente o modo manual
Se a sua câmara o permitir, experimente usar o modo Manual. As configurações variam de acordo com a câmara, objetiva e até zona de onde está a fotografar. Na nossa experiência, conseguimos bons resultados com uma velocidade de obturação entre 1/125 e 1/250, abertura F7.0 a F11 e sensibilidade ISO entre 100-200. Mas faça diferentes fotos com diferentes parâmetros até ficar satisfeito com o resultado. Mas, sobretudo se não vai usar tripé, evite velocidades baixas (abaixo de 1/250) para evitar que a Lua fique sem detalhe (“tremida”).
Modos de cenas
Muitas câmaras não têm modo Manual, mas têm modos automáticos com base em cenas predefinidas, como “noite” ou “estrelas”. Opte por um destes modos para evitar o problema de sobreposição já mencionado.
Faça a lua parecer maior
Para aumentar o efeito dramático, pode usar o velho truque da comparação. Recorra ao Google Maps para ajudá-lo a encontrar um sítio onde consiga ter um elemento grande e conhecido – o Cristo Rei ou a Torre dos Clérigos, por exemplo – entre a sua câmara e a Lua. Para esta ideia funcionar, esse elemento tem de estar suficientemente longe da câmara para que, comparativamente, a Lua pareça maior e para que os dois motivos fiquem focados. Use o zoom máximo!
Fotografe a sequência
Muitas máquinas permitem fotografar sequências de fotos. Usando um tripé para que a câmara não se mexa pode, por exemplo, definir a câmara para fotografar de 10 em 10 minutos entre o nascer da Lua e o fim do fenómeno. Isto usando um plano mais amplo. Deste modo poderá depois juntar todas as fotos numa única imagem onde o único elemento que se move é a Lua.