É um cenário dantesco. Quartos de crianças e de adultos, salas de estar e de jantar, garagens e piscinas privadas, pátios e jardins. Restaurantes e cafés, escritórios, oficinas e cabeleireiros, entre muitos outros. Completamente expostos e visíveis para todos na internet. São milhares, senão mesmo dezenas de milhares, as câmaras de videovigilância em Portugal que permitem uma invasão sem precedentes da vida privada de muitas pessoas e são uma ameaça de segurança, para utilizadores e empresas. Um cenário que tem tanto de assustador como de mordaz: o sistema que muitos compraram para se sentirem mais seguros é uma porta escancarada para as suas vidas familiares, para as suas casas e para os seus negócios.
Registos de imagens destas câmaras visualizados pela Exame Informática mostram situações alarmantes: numa das câmaras era possível ver uma criança deitada na cama; numa outra, uma pessoa sentada no sofá; noutra câmara, um grupo de pessoas a treinar num ginásio; e numa outra, o interior de um estabelecimento de restauração, mesmo por cima da caixa registadora e do terminal de pagamentos Multibanco. Cada uma, de forma diferente, representa uma forma brutal de invasão da privacidade.