A Apple fez um anúncio peculiar – no sentido em que não está relacionado com as principais categorias de equipamentos e serviços da empresa – no final desta quarta-feira: o lançamento de livros narrados por vozes sintéticas, isto é, criadas a partir de sistemas de Inteligência Artificial.
A tecnológica norte-americana apelida o sistema de “tecnologia de narração digital” e tira partido da criação de vozes sintéticas – vozes que não são de pessoas, mas são geradas por mecanismos de Inteligência Artificial a partir de um conjunto de dados de vozes de pessoas reais – para criar um livro em áudio (audiobook, em inglês) a partir de um ficheiro digital com o texto da obra. Traduzindo por miúdos, basta submeter um ficheiro de livro eletrónico e a Apple converte-o para um audiolivro.
“A narração digital do Apple Books torna a criação de audiolivros mais acessível para todos, ajudando a responder à procura crescente de tornar mais livros disponíveis para serem ouvidos”, sublinha a marca na página na qual anuncia a nova tecnologia.
A Apple diz que usa “tecnologia avançada de sintetização de fala” e que conta com o trabalho de linguistas, especialistas de controlo de qualidade e engenheiros de áudio para garantir que as vozes sintéticas são o mais precisas e naturais possível.
E para atingir estes objetivos, a Apple criou diferentes vozes sintéticas, tanto em género, como em estilo de narrativa. “A Apple tem estado na linha da frente de tecnologias de fala inovadoras e agora adaptou-as para um formato de leitura prolongada, trabalhando juntamente com editores, autores e narradores”, detalha a empresa. Pode ouvir exemplos das vozes artificiais aqui e aqui.
Por agora, a Apple já disponibiliza vozes sintéticas para os géneros literários de ficção e romance, em tom soprano e barítono. A empresa está também já a explorar vozes sintéticas para livros de não ficção e desenvolvimento pessoal.
Os autores interessados em transformar os seus livros em audiolivros narrados por sistemas de Inteligência Artificial devem aceder à página oficial da Apple para o projeto – por agora só são aceites livros nos géneros literários já referidos e em inglês.
E quem estiver a pensar que este poderá ser um passo na ‘extinção’ dos narradores profissionais de livros, a Apple deixa uma garantia. “Continuamos comprometidos em celebrar e mostrar a magia da narração humana e vamos continuar a aumentar o nosso catálogo de audiolivros narrados por humanos”.
A Apple materializa, através dos livros de áudio, a aposta na criação de conteúdos sintéticos, que também está a despertar o interesse de outras empresas – a Amazon está a trabalhar numa funcionalidade que permitirá à assistente digital Alexa imitar as vozes de pessoas falecidas.