Depois de várias datas não cumpridas e lançamentos adiados, a aplicação portuguesa de rastreio de contactos de proximidade de infetados pelo coronavírus está finalmente disponível: a Stayaway Covid já pode ser descarregada pelos utilizadores do sistema operativo Android. Para o caso de ter um smartphone com o sistema operativo iOS, então a aplicação só ficará disponível neste sábado ou domingo, segundo disse José Manuel Mendonça, presidente do Instituto de Engenharia de Sistemas de Computadores, Ciência e Tecnologia (INESC TEC), ao jornal Público.
De recordar que os utilizadores de smartphones Huawei e que não têm os serviços Google instalados – devido a uma ‘guerra comercial’ entre os EUA e a China –, apesar de terem um dispositivo Android, não têm acesso à Stayaway Covid.
O lançamento da aplicação portuguesa acontece vários meses depois da estimativa inicial, que apontava para um lançamento ainda durante o mês de maio. Seguiram-se outras promessas de lançamento que não chegaram a ser cumpridas. Mas depois de no final de julho a Apple ter validado a utilização da app num teste generalizado, foi ultrapassada uma das últimas grandes barreiras técnicas que faltava para que o sistema de rastreamento pudesse ser disponibilizado.
Apple e Google mudam de ideias
A aplicação portuguesa de rastreamento de contactos depende do sistema de Notificações de Exposição Google-Apple [GAEN no acrónimo em inglês], criado pelas tecnológicas americanas como uma base comum para o desenvolvimento destas aplicações de alerta. É este sistema que permite a troca de chaves de identificação entre utilizadores através de Bluetooth, mas de forma a que a identidade de cada pessoa nunca seja revelada.
Mas, segundo uma notícia do jornal britânico The Guardian, a Apple e a Google vão mudar de estratégia: as empresas têm planos para permitir que os utilizadores recebam notificações de potenciais exposições a doentes com a Covid-19 diretamente no sistema operativo e sem a necessidade de instalação de uma aplicação específica.
A informação surgiu depois de ter sido disponibilizada a nova versão do iOS (13.7) para programadores, que já integra esta nova funcionalidade. Esta nova versão ainda deverá demorar um par de semanas até ser lançado publicamente, mas aponta para aquela que é uma mudança de estratégia relativamente ao sistema GAEN. Já a Google ainda não comentou as alterações, mas a empresa também pode estar prestes a lançar uma nova versão do Android (11).
Apesar de não ser necessária uma app para receber a notificação de exposição, será, no entanto, necessário ter a app ‘oficial’ de cada país para que o utilizador possa marca-se como infetado – no caso português, por exemplo, é necessário introduzir um código na aplicação, fornecido por um médico após o teste à Covid-19, para que alguém se possa identificar como infetado.