É um produto que, reconhecidamente, faz mal à saúde e não deve ser comprado – mas, de ora em diante, será impossível de falsificar. Pelo menos, é essa a garantia dada pela Univesidade de Coimbra. Quem tiver dúvidas só terá de testar a tecnologia que já começou a ser distribuída nos selos fiscais dos maços de tabaco. A solução, que dá pelo nome de UniQode, é apresentada como o primeiro sistema anti-contrafação que recorre a apps de telemóveis para reconhecer hologramas. A mesma tecnologia já começou a ser aplicada igualmente no Documento Único Automóvel (DUA), informa a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em comunicado.
O sistema UniQode foi aplicado aos selos fiscais do tabaco em parceria com a Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM). A nova tecnologia, que foi desenvolvida no Instituto de Sistemas e Robótica de Coimbra (ISR-C), distingue-se por combinar várias tecnologias que garantem a autenticidade de um produto ou objeto. Além dos já referidos hologramas, foram usados processos de impressão com glitter (brilho), e ainda códigos específicos.
«O sistema contém elementos de segurança provenientes de diferentes fontes invisíveis. Por exemplo, a tecnologia de impressão com partículas de glitter que desenvolvemos permite criar um indentificador único por objeto, impossível de clonar», informa Nuno Gonçalves, investigador do ISR-C e coordenador do projeto, num comunicado da FCTUC.
As tecnologias usadas no sistema UniQode tanto asseguram autenticação como podem garantir a conveniência associada à identificação de produtos e preços, que hoje é garantida pelos códigos de barras, recorda o mentor desta tecnologia que já está protegida por um registo de patente.
O projeto contemplou ainda o desenvolvimento de algoritmos para uma app de telemóvel, que está apta a confirmar ou a negar a autenticidade de um produto ou objeto. «Como depende de tantas condições, a validação do holograma é de extrema complexidade. Foi muito difícil conseguir um algoritmo capaz de validar em pouco tempo e de forma eficaz esses elementos. Até agora, não existia um equipamento móvel que conseguisse autenticar um holograma», explica Nuno Gonçalves.
A tecnologia foi desenvolvida na Universidade de Coimbra para operar como ferramenta para autoridades com funções de fiscalização ou investigação criminal, como a ASAE ou a PJ, mas está disponível para o público em geral que pretenda descarregar a app UniQode para usar em telemóveis Android ou iOS.
Depois da estreia com os selos fiscais dos maços de tabaco e DUA, Nuno Gonçalves admite que outros clientes potenciais poderão vir a ter interesse em testar o UniQode: «Apresenta um vasto leque de aplicações ao nível de proteção de marca, desde medicamentos, produtos alimentares, bebidas alcoólicas, calçado, produtos de luxo e marcas desportivas até ao marketing e comunicação».