Durante meses foi conhecido pela “alcunha” de Android Q Beta, mas no dia de lançamento a Google optou pela tradição numérica para designar a mais recente versão do sistema operativo mais usado em todo o mundo: terça-feira foi o primeiro dia do resto da vida do Android 10. Como esperado, o novo sistema operativo fez a primeira aparição tendo como primeiros destinatários os telemóveis Pixel, da Google, que não estão à venda em Portugal. Segundo a Google, as diferentes marcas de equipamentos deverão começar a disponibilizar, até ao final do ano, o novo sistema operativo para os telemóveis compatíveis de todo o mundo.
Navegação por gestos, ecrãs negros, privacidade, notificações inteligentes, e componentes nucleares para atualizações de apps – eis o resumo das principais novidades que podem ser encontradas no novo Android 10. E não é por acaso que a navegação por gestos surge em lugar de destaque nos diferentes meios de comunicação especializados. Quem já começou a navegar entre apps com gestos sobre “botões virtuais” de navegação compreende bem o alcance da novidade que se perfila: segundo o Ars Technica, com o novo Android 10, a navegação por gestos passou a beneficiar de um raio de ação alargado sobre o ecrã, deixando de confinar os gestos a determinados botões virtuais. O que leva a crer que, em breve, se multiplicarão os casos de pessoas que passam de uma app para um site e de um site para um menu do sistema operativo sem toques em botões dedicados.
Nos ecrãs escuros, é a gestão da bateria que mais ordena: de ora em diante, menus, ferramentas e apps compatíveis passam a ter, por definição, ecrãs de fundo escuro, em substituição dos ecrãs de fundo branco. Além de eventualmente cansar menos os olhos dos utilizadores, esta mudança permite reduzir o consumo de energia do telemóvel.
Sendo a Google uma empresa que consome dados com grande intensidade, não surpreende o lançamento de funcionalidades que agilizam os critérios de cedência de dados para tratamento de entidades externas, produtores de software ou fabricantes dos equipamentos. Entre as novidades, destaque para a funcionalidade que permite limitar o acesso aos dados armazenados por parte de diferentes apps, ou restringir o acesso à localização às apps que estão a operar em primeiro plano.
Nas notificações inteligentes, destaque para a inclusão de botões virtuais que permitem levar a cabo “ações”. Entre estas ações, figuram as respostas rápidas e pré-formatadas que a Google já havia começado a disponibilizar no Gmail. Mas convém não descurar o potencial de uma nova funcionalidade que permite extrair informação de mensagens para outras aplicações de modo expedito, e ainda um modo que filtra as mensagens pelo grau de importância para evitar o excesso de notificações.
Ainda nas funcionalidades ágeis: a funcionalidade Live Caption Tool, que permite transcrever áudio e sons associados a vídeos no momento em que são reproduzidos também promete tornar-se um dos pontos-fortes do novo sistema operativo.
Para os programadores e produtores de apps para Android, a principal novidade recai sobre o Google Play System Updates que promete acelerar a disponibilização de componentes nucleares e updates sem ser necessário proceder à atualização de todo o sistema. Além de tornar as atualizações mais ágeis, esta ferramenta que é obrigatória para todos os dispositivos com Android 10 leva a crer que a Google está apostada em assumir maior controlo sobre as adaptações levadas a cabo pelas marcas dos equipamentos, recorda o Ars Technica.
A Google também não descurou o reforço da segurança: além de encriptação sem exigir aceleração por hardware, o Android 10 conta ainda com os updates dos protocolos de segurança TLS 1.3 e WPA3.
O blogue da Google realça ainda uma funcionalidade que promete introduzir algumas inovações entre crianças e progenitores: a ferramenta Family Link passa a fazer parte de todos as versões 9 e 10 do Android, com o objetivo de permitir definir limites máximos para as sessões de utilização dos telemóveis, ou das apps que podem ou não ser usadas pelos mais novos.
As principais novidades já estão reveladas – mas ainda falta saber quanto tempo deverão demorar a chegar aos consumidores finais. E neste caso importa não esquecer as mais recentes experiências nesta área: O Androd Pie, que antecedeu a versão 10, apenas foi disponibilizado a 10,4% dos telemóveis compatíveis que estão em uso no mundo, informa o Cnet. A este dado importa juntar outro: as três versões que precederam a Pie, totalizam atualmente 64,4% dos telemóveis que usam o sistema operativo da Google. Os números destoam da realidade na rival Apple: o iOS12, o sistema operativo mais recente dos telemóveis da “maçã”, já está em uso em 88% dos iPhones usados na atualidade.