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Há sistema informático – mas não há receitas de medicamentos. Em alguns casos, nem sequer em formato analógico podem ser passadas as prescrições. O cenário está a afetar centros de saúde e hospitais. E há vários doentes que estão a sair das unidades de saúde sem que os médicos lhes consigam passar receitas, alerta a Ordem dos Médicos.
A Agência Lusa dá conta das mais recentes falhas no sistema informático: a 12 de julho o sistema das receitas eletrónicas esteve operacional durante quatro horas; na quinta-feira de manhã, a situação repetiu-se nas várias unidades clínicas do País. Jaime Mendes, presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, recorda que as alternativas às receitas em formato eletrónico não têm permitido suprir a falha.
«O problema é que são muitas receitas, sobretudo para doentes crónicos e os centros de saúde e os hospitais não têm número de receitas e vinhetas suficientes para substituir».
Os planos do Governo apontam para que, depois de julho, os médicos deixem de passar receitas em papel com as conhecidas vinhetas, mas a Ordem dos Médicos sugere ao governo que reveja esta data.
«A Ordem o que pede é que se reveja todo este sistema, que os prazos sejam prolongados para dar tempo a que as coisas se passem bem, porque se na Suécia se demorou nove ou dez anos para ficar instituída a receita desmaterializada, não se pode aqui no país fazer isso em 60 dias”, adianta Jaime Mendes.
O responsável da Ordem dos Médicos alega ainda que os equipamentos de leitura de cartões que foram distribuídos por hospitais e centros de saúde nem sempre funcionam da forma desejada. A esta lacuna junta-se a alegada falta de preparação de médicos e outros profissionais que têm trabalhar com o sistema.