Paulo Dimas ainda se recorda da manhã em que a estreou o Google Latitude: «um dos nossos investidores ligou-me a perguntar o que fazer, tendo em conta que a Google tinha acabado de lançar um serviço igual ao da Wizi, que fazia a localização dos utilizadores em tempo real»:
De súbito, o serviço Wizi foi esmagado por um gigante da Internet, mas a história da jovem empresa de “geossocialização” não acabou em 2007:
Em 2011, a empresa portuguesa regressa ao mercado e revela ter aprendido a lição: «criámos uma solução que agrega as localizações que os utilizadores vão disponibilizando nas redes sociais através de posts, imagens, ou check-ins».
O líder da Wizi aponta para um fator que faz a diferença face ao passado: a nova solução é independente. O que significa que dificilmente será replicada pelos gigantes da Internet. «O Foursquare não agrega o Facebook; e o Facebook não vai agregar o Google+. Mas nós podemos agregar todos estes serviços sem sermos encarados como concorrentes», sublinha o responsável da Wizi.
Foi com base nesta independência que a Wizi convenceu a Vodafone Portugal a testar a nova tecnologia que haveria de estar na origem do serviço Vodafone Radar que, além da app, tem ainda a peculiaridade de permitir a partilha da localização entre amigos através de SMS.
Paulo Dimass recorda que, em 2001, outros operadores portugueses estiveram interessados na solução – mas optou pela Vodafone, por acreditar que podia facilitar no processo de internacionalização. E paulatinamente a aposta no mercado mundial já começou a produzir resultados: hoje, a ferramenta da Wizi está disponível no Bangladesh, e desde há duas semanas, na Vivo, a maior operadora móvel do Brasil, que em tempo pertenceu à PT.
No total, a solução que é disponibilizada com a marca dos operadores que a adotam, já conta 300 mil utilizadores.
Paulo Dimas acredita que, nos próximos 12 meses, essa carteira de clientes poderá crescer com a chegada de um milhão de novos utilizadores brasileiros. E ao contrário do que possa parecer à primeira vista, o uso do SMS está longe de ser um recurso anacrónico: «Quando vamos a um mercado emergente, mostramos a nossa app a funcionar e logo o responsável do operador lembra-nos que a solução é muito engraçada, mas só uma pequena percentagem de clientes tem smartphones para a correr a app», explica Paulo Dimas enaltecendo o valor que o SMS pode ter na conquista de novos mercados.
Paulo Dimas acredita que, dentro de um ano, a Wizi poderá tornar-se mais atrativa para uma segunda ronda de investimento (hoje, parte do capital da empresa é detido pelas entidades de capital de risco da Portugal Ventures e do Instituto de Soldadura e Qualidade). No evento Portugal Ventures in The Bay, que levou várias startups nacionais a Silicon Valley no início de novembro, o líder da Wizi a manter a expectativa quanto a um futuro próximo: «vários operadores mostraram interesse na nossa solução».
Atualmente, a Wizi está disponível em SMS, e app para iOS e Android. As receitas da empresa têm por base a cobrança de serviços de alerta para a proximidade de amigos.