
Depois do PC, o “lado negro” da Net começa a ganhar posição junto dos telemóveis. Os números mais recentes estão aí para o confirmar: de acordo com a Symantec, o número de códigos maliciosos para smartphones cresceu mais de 93% nos últimos dois anos. O que corresponde a quase uma duplicação do número de ameaças.
«Estas ameaças tanto afetam dispositivos pessoais como dispositivos empresariais. O malware tanto pode ser usado para saber qual a informação que um utilizador de telemóvel envia para a Internet como para executar chamadas de valor acrescentado. E há também ferramentas maliciosas que permitem obter coordenadas geográficas, aceder a contactos, mensagens, contas de redes sociais ou até às câmaras dos telemóveis», descreve Luís Ramos, especialista em segurança da Symantec.
Nos últimos anos, as marcas de segurança eletrónica têm vindo a desenvolver várias soluções para a proteção de telemóveis e smartphones… mas os utilizadores mantêm alguma renitência no uso destas soluções. «As pessoas não estão conscientes das ameaças e não percebem que há cada vez mais hackers interessados em fazer espionagem ou lançar fraudes nos telemóveis», refere Vicente Días, analista sénior da Kaspersky.
O facto de os telemóveis já executarem a maioria das funcionalidades que, até há bem pouco tempo, eram um exclusivo dos computadores não chega a intimidar os utilizadores. «Faria sentido que houvesse muito mais gente a instalar estas soluções de segurança… só que as pessoas geralmente são reativas, e acham que estes ataques só acontecem lá fora. É algo que vai ter de evoluir. As pessoas precisam proteger a informação e criar backups», acrescenta o responsável da Symantec.
O crescente interesse dos hackers permite chegar a outros números reveladores: de acordo com a Symantec, 11% dos adultos que usam Internet já sofreram ataques nos telemóveis ou nas redes sociais; 31% das pessoas que têm telemóveis já receberam mensagens de desconhecidos que solicitam um clique num link ou um telefonema para números de origem desconhecida.
A Symantec não revela quaisquer números sobre o iOS (sistema operativo usado pelo iPhone e o iPad), mas apresenta estimativas que dão a conhecer um aumento exponencial das ameaças que pairam sobre os telemóveis Android: o número de variantes de malware multiplicou por 7,4 em 2012; e o total de amostras foi multiplicado por 57 vezes.
A crescente quota de mercado dos telemóveis com sistemas operativos da Google torna o Android cada vez mais apetecível para os cibercriminosos. A este dado, Vicente Días junta um segundo não menos importante: «Hoje, o Android é o sistema operativo mais vulnerável pelo simples facto de haver muitos telemóveis que não são atualizados. Os utilizadores não sabem como fazê-lo e os operadores também não ajudam muito. E por isso hoje há milhões de telemóveis Android que mantêm bugs que podem ser explorados por hackers».