À semelhança do Android, o Tizen é um sistema operativo da família Linux. Mas ao contrário do Android, o novo sistema operativo não tem apenas um único criador, mas sim vários que, por circunstâncias históricas e comerciais, foram contribuindo para este novo ambiente móvel.
O projeto começou a ser moldado a partir dos escombros do projeto MeeGo, (iniciado pela Intel e a Nokia) e mais tarde ganhou o apoio da Samsung, e de operadoras como a Vodafone e Verizon.
O que leva um sistema operativo a juntar intervenientes tão diferentes? Os motivos variam: no caso da Samsung, um sistema operativo poderia representar menor dependência do Android e maior controlo do sistema operativo (à semelhança do que a Apple consegue com a dupla iOS e iPhone); Em contrapartida para a Intel, o Tizen é mais uma tentativa (depois do malogrado MeeGo e outros projetos cujos nomes se desvaneceram com o tempo) de contrariar o crescente poderio do Android e do impulso que este sistema operativo deu nos últimos tempos às vendas de processadores ARM (em vez dos Atom e afins, da Intel); para os operadores móveis o novo sistema operativo pode ser a oportunidade que faltava para diversificarem investimentos e ganharem maior presença no produto final que chega ao utilizador, através de ferramentas que facilitam a inclusão de serviços sem “markets” ou “app stores” a servirem de intermediários.
Segundo a Forbes, a versão 2.0 do Tizen está prestes a sair para o circuito das softwarehouses e laboratórios tecnológicos. A Samsung não quer deixar os créditos por mãos alheias: algures durante a segunda metade de 2013, deverá ser lançado em parceria com a japonesa NTT DoCoMO, o primeiro telemóvel que corre o sistema operativo sucessor do MeeGo, informa a Cnet. A estes dois pioneiros juntam-se outras demonstrações de interesse: a sucursal britânica da Vodafone, a France Telecom e a Verizon não deverão ficar de braços cruzados por muito tempo, caso confirmem que o Tizen tem capacidade para bater o pé ao Android.
Tendo como principais atrativos tecnológicos o interface em HTML 5 e uma capacidade de adaptação sem precedentes, o Tizen definiu como prioridade estratégica a entrada no segmento dos smartphones. Caso garanta uma quota de mercado consolidada nos terminais móveis, o duo Samsung-Intel poderá então começar a trabalhar numa segunda fase de expansão, mais ambiciosa e também mais arriscada, que contempla o uso do novo sistema operativo em televisores, automóveis, boxes de TV e computadores.
Ainda há espaço para mais um sistema operativo de telemóvel? Intel e Samsung, pelo poderio que têm, poderão sempre condicionar o mercado… mas a avaliar pelo previsível fim do Symbian, o declínio da Nokia, ou até pela dificuldade que a Microsoft tem sentido em impor-se no segmento, é possível concluir que a liderança comercial não é sinónimo obrigatório de sucesso comercial.
A estes dados acrescem outros factos de igual importância: em breve, A Microsoft estará com toda a “artilharia” apontada para conseguir levar o Windows Phone 8 a uma quota de mercado condigna de um gigante tecnológico (A IDC aponta para 11% em 2016), e ainda não se sabe se sistemas operativos de menor dimensão, como o Blackberry 10 ou o Ubuntu Mobile, terão a capacidade para atuar como verdadeiros jokers na teia de interesses e relações em que assenta toda a indústria das telecomunicações.
Não menos pertinente é a seguinte questão: se a Samsung começar a empenhar todas as suas forças para elevar o Tizen aos píncaros, o que vai acontecer aos terminais da marca sul-coreana que correm Windows Phone ou Android?