Microsoft no país da interoperabilidade à boleia do Open XML
Microsoft e Linux juntam-se pelo software
O que há 10 anos era impensável é hoje uma aposta da líder do software mundial. E já é oficial: a Microsoft está decidida em iniciar uma nova fase na política de defesa dos direitos de autor. Algo que pode ser resumido num único "palavrão": interoperabilidade. A companhia de Gates chamou hoje os jornalistas portugueses para apresentar as directivas do novo posicionamento. Da conferência destacam-se dois casos: Open XML e acordo com a concorrente Novell.
O Open XML é um formato aberto que suporta as várias aplicações do Office 2007. Além de alterar as extensões dos documentos trabalhados na futura versão do Office (exemplo: os documentos do Word passam a ser identificados por .docx, em vez de .doc), o Open XML tem a particularidade de ser compatível com aplicações de companhias concorrentes. O objectivo de esta compatibilidade é a eliminação de barreiras ao uso de ferramentas de produtividade da Microsoft em ambientes da concorrência. A compatibilidade também é válida em termos de retrocompatibilidade: quem tiver o Office 2007 (com Open XML) vai conseguir aceder aos ficheiros do passado, criados nas versões do Office mais antigas. Pelo contrário, quem tiver versões mais antigas do Office deverá munir-se de um conversor para aceder a ficheiros do formato Open XML. Actualmente já foram desencadeados os processos junto das entidades internacionais competentes que visam tornar o Open XML um standard. Os responsáveis da Microsoft Portugal destacaram ainda a parceria assinada com a Novell, que prevê a cooperação técnica para a virtualização, gestão e serviços Web; cooperação ao nível de patentes; e fundos comuns para acções de Marketing relativas a produtos conjuntos. A Microsoft lembra ainda as iniciativas Codeplex e Open Specification Promise que pretendem promover a compatibilidade de software open source com os ambientes Microsoft e também a abertura gradual dos códigos das aplicações da empresa fundada por Bill Gates a empresas que o solicitem e que sejam consideradas credíveis. Ao abrigo destes programas, a subsidiária portuguesa da Microsoft já iniciou parcerias com as também portuguesas Via Tecla, PHC e Jurinfor, que recorrem ao Open XML nas suas aplicações. Longe vão os tempos em que a Microsoft vivia ciosa e atormentada com direitos de autor e patentes dos códigos-fonte das aplicações que produz. Uma mudança de posição que é confessada por Marcos Santos, responsável pela Área de Segurança e Plataformas da Microsoft Portugal, ainda que de forma “indirecta”: «O mercado mudou de tal forma nos últimos 10 anos, que todos fornecedores de soluções têm de se adaptar às novas condições de negócio. Cada vez mais, em vez de um único fornecedor, um utilizador recorre a várias aplicações de diferentes marcas num ou mais dispositivos».