Pat Gelsinger retirou-se do cargo de diretor executivo (CEO) da Intel, anunciou a empresa em comunicado nesta segunda-feira. Gelsinger tinha assumido o cargo em 2021, altura desde a qual liderou a tecnológica naquela que tem sido uma das fases mais desafiantes da gigante norte-americana. Antes de assumir a dianteira da empresa, o executivo já tinha feito parte da equipa executiva, tendo ocupado o cargo de diretor tecnológico (CTO) entre 2001 e 2009. A Intel não revelou o motivo pelo qual Pat Gelsinger renunciou ao cargo.
“Liderar a Intel foi a maior honra da minha vida – este grupo de pessoas está entre os melhores e mais brilhantes do setor. (…) Hoje é, naturalmente, um dia agridoce, pois esta empresa foi a minha vida durante grande parte da minha carreira profissional. Posso olhar para trás com orgulho por tudo o que alcançámos juntos. Foi um ano desafiante para todos nós, à medida que tomámos decisões difíceis, mas necessárias, para posicionar a Intel face às dinâmicas atuais do mercado. Estarei eternamente grato aos muitos colegas em todo o mundo com quem trabalhei como parte da família Intel”, comentou Pat Gelsinger no comunicado. A saída do executivo foi efetivada este domingo, 1 de dezembro.
A Intel tem atravessado, nos últimos anos, uma fase crítica do negócio, que tem levado, inclusive, ao despedimento de milhares de funcionários. Conhecida pelo fabrico de unidades de processamentos centrais – os chamados CPU –, a Intel perdeu relevância no sector dos chips de computação numa altura em que são as unidades de processamento gráfico (GPU) que estão a ter uma elevada procura devido à ‘explosão’ do sector da Inteligência Artificial – o que por sua vez tem catapultado a rival Nvidia para resultados e valorizações históricas.
Em outubro, num evento organizado pela Lenovo e que a Exame Informática acompanhou no local, o líder da Intel explicava qual a sua visão para os próximos anos. “Estamos a entrar numa das mais entusiasmantes eras de inovação. E para alguém que trabalha nesta área há 40 anos, isto é muito profundo. É como quando chegou a internet. (…) Todos os dispositivos vão tornar-se num equipamento com IA, todas as pessoas terão IA na ponta dos dedos”.
Os próprios CPU da Intel têm vindo a perder alguma relevância, como mostram os exemplos da Apple ter criado os seus próprios processadores baseados numa arquitetura diferente (ARM) e de os equipamentos Windows estarem a tentar fazer o mesmo caminho, com os portáteis Copilot+. “[A arquitetura x86] Está a passar por um período de customização, de expansão e de capacidade de escala. Mas o nosso ecossistema está robusto e a crescer”, assegurava, tentando afastar os fantasmas da crise.
Pat Gelsinger ficou conhecido por ter um plano de cinco anos, que terminaria em 2027, para ‘endireitar’ a competitividade da Intel, mas sai muito antes de esse plano estar concluído.
A Intel anunciou ainda que David Zinsner, até aqui diretor financeiro, e Michelle Johnston Holthaus, vice-presidente da divisão de computação, vão partilhar a direção executiva da empresa de forma temporária. “O conselho formou um comité e irá trabalhar de forma diligente e expedita para encontrar um sucessor permanente”, adianta a tecnológica.
Pat Gelsinger tem 63 anos, é natural de Robesonia, nos EUA, e conta ainda com passagens por outros gigantes tecnológicos, como a EMC e a VMWware, no currículo.