Paul Buchheit desenvolveu o Gmail e deu uma entrevista ao podcast Y Combinator Startup numa altura em que a popular ferramenta de correio eletrónico está a celebrar 20 anos de existência. Segundo Buchheit, apesar de a Google já ter desenvolvido alguns produtos impressionantes no segmento da Inteligência Artificial (IA), está a perder para a concorrência por decisões tomadas há cerca de dez anos.
A reorganização iniciada em 2015, que criou uma empresa-mãe, a Alphabet, para agrupar todos os projetos paralelos à Google, ditou as medidas que o grupo iria executar nos anos seguintes e o foco escolhido na altura foi manter o domínio no segmento das pesquisas. “Eles têm uma mina de ouro, as pesquisas são muito valiosas. [Mas] a IA pode tornar-se uma tecnologia disruptiva”, cita o Business Insider.
O especialista depois explica que os chatbots movidos a IA podem afetar negativamente o segmento das pesquisas online, ao oferecer diretamente as respostas que os utilizadores procuram e tirando-lhes a necessidade de visitar páginas onde são alojados anúncios publicitários. Buchheit continua: “Uma empresa de pesquisas tem uma pressão inerente entre lucro e fornecer diretamente as repostas certas porque há sempre a tentação de que se tornarem os resultados piores, as pessoas irão clicar em mais anúncios”.
Apesar das explicações de Paul Buchheit, além da reorganização da estrutura da empresa, a Google decidiu, em 2016, sob o leme do diretor executivo Sundar Pichai, que tornar-se-ia numa empresa orientada, em primeiro lugar, para a Inteligência Artificial. Apesar dessa aposta declarada, isso não impediu que empresas como a OpenAI e a Anthropic ganhassem peso e nome no segmento da IA.
Por ter as atenções divididas entre a IA e as pesquisas, a Google não está a conseguir tornar-se dominante no segmento da Inteligência Artificial, segundo o antigo funcionário da empresa.