Oficialmente separada da Huawei, a Honor está de regresso ao mercado português. No evento de apresentação da marca e do Magic5 Pro, a Exame Informática fez uma entrevista exclusiva com Kenny Li, CEO da empresa para Portugal e Espanha.
Exame Informática: O que vos faz apostar agora no mercado português quando vemos outras marcas chinesas a fazerem precisamente o inverso e a desinvestir em Portugal?
Kenny Li: Sim, algumas marcas chinesas estão a sair do mercado europeu e a regressar à China. O mercado europeu na indústria dos smartphones mudou muito. Quando trabalhei anteriormente em mercados como o alemão e o holandês há cerca de 7 ou 8 anos, verifiquei que é muito dinâmico. Acho que a grande diferença entre a Honor e as outras marcas é que somos muito mais maduros em termos de equipa de gestão e dos funcionários da organização. Mais de 80% vem da empresa anterior. Saímos da empresa anterior e entrámos na nova Honor. Tivemos experiência e aprendemos, pelo que a nossa capacidade de gestão tem muito mais maturidade. Temos a nossa própria forma de gerir o negócio e uma filosofia assente na criação de um ecossistema com parceiros locais. Isto significa que podemos ter um negócio sustentável a longo prazo. Foi por isso que decidimos expandir o nosso negócio para Portugal e Espanha. Como tivemos bons resultados [na Ibéria] no passado – principalmente em Portugal quando comparado com outros países europeus –, devemos seguir essa tendência. Vemos que os portugueses são muito abertos a experimentar novas tecnologias e inovações, e tecnologia e inovação são fulcrais na oferta da Honor.
Como referiu, o mercado português já teve produtos Honor, quando era ainda uma submarca da Huawei. Quais são os vossos planos para deixar claro para o consumidor que agora é uma empresa nova?
De uma perspetiva legal, somos totalmente independentes. Já não existe qualquer relação entre as duas empresas. No passado, a Honor pertenceu à Huawei, pelo que tínhamos algumas restrições em termos de posicionamento dos produtos. Agora somos uma marca independente e pudemos reposicionar o nosso produto. Antes estávamos unicamente focados nos jovens, mas agora vamos dos adolescentes a todos os adultos. E também temos tanto smartphones de entrada de gama como topos de gama. Incluímos igualmente mais categorias, como portáteis, tablets, áudio… Comparando com a antiga Honor, a nossa marca e posicionamento são muito mais alargados. Agora o nosso trabalho, especialmente da equipa de marketing, é comunicar a nossa nova imagem e posicionamento ao mercado ibérico. É um desafio, porque alguns consumidores ainda pensam que temos alguma ligação com a Huawei. Mudar algo no coração dos consumidores não é fácil, mas é um trabalho que temos de fazer. É por isso que começamos com o Magic5 Pro, que é um produto que não podíamos ter no passado, que pertencia à Huawei com a série Mate.
Que expetativas tem para o Magic5 Pro em Portugal em termos de vendas ou quota de mercado, sendo que é um topo de gama e esse segmento não costuma conquistar uma grande fatia de mercado?
Exato. Se voltarmos à perspetiva de negócio, não é fácil chegar com um topo de gama, é muito mais fácil com entradas de gama. Às vezes ignoramos um aspeto importante da quota de mercado que é a qualidade dele. É uma quota de mercado de volume ou de valor? São conceitos totalmente diferentes e têm consequências totalmente diferentes em termos de negócio. Para a Honor, não queremos ganhar quota de mercado com produtos de entrada de gama, o volume não significa nada. Focamo-nos no negócio a longo prazo. Devemos, passo a passo, estabelecer a nossa nova imagem no coração dos nossos consumidores. A Honor tem a capacidade de dar uma experiência nova aos consumidores nos smartphones e isso advirá dos topos de gama. Mas também terá mais opções noutras categorias e é livre para escolher qualquer uma delas. Temos capacidade para fornecer de tudo. Se só chegássemos ao mercado com entradas de gama, é fácil imaginar o que aconteceria um ou dois anos depois e essa não é a estratégia da Honor. Por isso, nós, enquanto marca independente, somos capazes de nos focar na inovação.
![](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2023/05/230526_1250NunoMousinhoweb-720x1080.jpg)
A Honor tem um ecossistema onde cabem produtos como portáteis, tablets, áudio… Têm intenções de trazer estes equipamentos para Portugal?
Temos a intenção de introduzir todas as categorias em Portugal, passo a passo. Depende do canal de parceiros local, da preparação. Já começámos a trabalhar com os operadores [de telecomunicações] em Portugal: Vodafone, NOS, MEO. Estamos agora em discussões com os retalhistas também. Quando este canal estiver devidamente preparado, iremos introduzir mais categorias aqui.
E vai haver uma equipa portuguesa a trabalhar o mercado nacional ou a gestão será feita a partir de Espanha numa perspetiva ibérica?
Para já, o nosso escritório está na Espanha, em Madrid. Estamos a começar gradualmente, passo a passo, em vez de tudo de uma vez. Queremos fazer as coisas corretamente e estabelecer o negócio passo a passo. Quando for o momento certo, iremos criar uma equipa local. Isso não significa que não tenhamos suporte [em Portugal], mas claro que iremos criar uma entidade aqui.