A imagem que venceu a categoria de criatividade dos prémios mundiais de fotografia da Sony promete dar que falar. Boris Eldagsen foi o vencedor e publicou uma comunicação no seu site onde explica que recusou o prémio e que a fotografia foi criada por um sistema de Inteligência Artificial.
Na sua comunicação, o fotógrafo explica que participou deliberadamente desta forma no concurso para perceber se as competições estão preparadas para receber e identificar imagens de IA. “Não estão”, concluiu o artista, encorajando que “nós, no mundo da fotografia, precisamos de uma discussão aberta. Uma discussão onde debatemos o que queremos considerar uma fotografia e o que não é. O guarda-chuva da fotografia é grande o suficiente para convidarmos imagens de IA a entrar – ou isso será um erro? (…) com a minha recusa do prémio, espero conseguir ajudar a acelerar o debate”, cita o The Guardian.
A sua posição neste debate também é clara e assumida: “Imagens de IA e fotografia não deviam competir entre si em prémios como este. São entidades diferentes. IA não é Fotografia. Assim, não vou aceitar o prémio”. O fotógrafo sugeriu ainda que o prémio fosse doado a um festival de fotografia em Odessa, na Ucrânia.
Um porta-voz da World Photography Organization confirmou que Eldagsen já tinha revelado a co-criação da fotografia por parte uma IA antes de ter sido anunciado como vencedor. No entanto, a categoria de criatividade “dá as boas vindas a várias abordagens experimentais para a criação de imagens, desde cianotipias a práticas digitais de vanguarda (…) Assim, depois da nossa comunicação com Boris, sentimos que a sua participação cumpria os requisitos e apoiamos a sua participação”.
“Reconhecemos a importância deste tema e o seu impacto na criação de imagens na atualidade. Estamos ansiosos para explorar mais o tópico através dos nossos diferentes canais e programas e damos as boas vindas a todas as conversas sobre o tema”, completa a organização.