Parece uma cena tirada do videojogo Metal Gear Solid, mas na realidade foi tirada de um livro e é baseada numa história real. Paul Scharre é um veterano do exército dos EUA e ex-analista do Pentágono que aproveitou as suas experiências no terreno para escrever um livro chamado Four Battlegrounds: Power in the Age of Artificial Intelligence. Apesar de o livro só chegar no final de fevereiro ao mercado, já são conhecidas algumas passagens, incluindo uma bastante caricata – esta específica, partilhada pelo jornalista Shashank Joshi – que envolve um robô da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos EUA (DARPA) e uma caixa de cartão.
Segundo Scharre, um grupo de fuzileiros e uma equipa de investigadores da DARPA passaram seis dias a treinar um robô com um algoritmo de reconhecimento de humanos. Durante esse período, os fuzileiros circulavam o robô, passavam à sua frente em diferentes velocidades e ajudaram a treinar a máquina para reconhecer a forma humana em movimento. Depois, ao sétimo dia, chegou a hora desafio: o robô foi colocado no centro de um círculo e os fuzileiros deviam conseguir tocar nele, sem que este os conseguisse identificar antecipadamente.
“Se qualquer fuzileiro conseguisse chegar até ao robô e tocar-lhe sem ser detetado, eles ganhariam. Eu queria ver o que ia acontecer e estava entusiasmado”, recorda o autor.
Todos os oito militares conseguiram, rapidamente, e de formas muito caricatas, derrotar o robô: dois deles aproximaram-se às cambalhotas e passaram sem ser identificados porque o robô não reconhecia aquela forma; outros dois aproximaram-se dentro de uma caixa de cartão. “Parecia o Bugs Bunny num episódio dos Looney Tunes”, brincou o autor. Um quinto elemento usou folhagens de uma árvore para se disfarçar de arbusto e aproximar-se e tocar no robô, noticia o ExtremeTech.
O exercício serviu para evidenciar mais uma vez que as soluções avançadas de Inteligência Artificial só serão tão úteis quantos a variedade de dados com as quais forem treinadas. Sem ter visto antes uma cambalhota ou identificado uma caixa de cartão, este presumivelmente caro sistema de deteção conseguiu ser facilmente iludido.
“Estes truques simples, que um humano teria conseguido detetar facilmente, foram suficientes para derrotar o algoritmo”, escreveu Paul Scharre.