Dez jogadores da Califórnia, Novo México e Nova Jérsia, nos EUA, juntaram-se para processar a Microsoft por causa da compra da Activision Blizzard. Estes fãs de Call of Duty receiam que a aquisição, “o maior negócio feito na indústria dos videojogos”, venha a colocar em causa a competitividade do mercado, aumentar os preços e limitar a criatividade, reduzindo a qualidade dos jogos que venham a ser lançados.

Os gamers descrevem a Activision Blizzard como sendo um rival crucial para a Microsoft, capaz de liderar a inovação no segmento e que ajuda a manter os preços controlados. A aquisição da Microsoft, a concretizar-se, faria com que a gigante passasse a ter muito mais poder e tivesse “capacidade para excluir rivais, limitar os resultados entregues, reduzir a escolha dos consumidores, aumentar preços e continuar a impedir a competitividade”, lê-se na queixa, segundo a publicação ArsTechnica.
A legislação dos EUA prevê que os consumidores tenham direitos iguais aos dos rivais da indústria para poder colocar em causa aquisições como esta.
Um porta-voz da Microsoft diz que os receios levantados pelos jogadores são infundados: “Este negócio vai expandir a competitividade, criar mais oportunidades para os jogadores e programadores, à medida que procuramos levar os jogos a mais pessoas”.
A Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC) tem uma leitura diferente e sublinha a possibilidade de “o registo da Microsoft em adquirir e usar conteúdo valioso de videojogos para suprimir a competição das consolas rivais (…) A Microsoft já demonstrou que pode e irá restringir o acesso dos conteúdos aos rivais”, afirma Holly Vedova, diretora da área de concorrência da FTC.
Os jogadores receiam que a aquisição venha a retirar Call of Duty e outros títulos de sucesso da Activision de consolas e sistemas rivais da Microsoft. A empresa de Redmond já afirmou publicamente que o jogo vai estar disponível nas consolas da Sony e da Nintendo nos próximos dez anos, mas a FTC e os queixosos lembram que no passado a Microsoft fez promessas semelhantes e não as cumpriu, recordando o exemplo de Starfield depois da aquisição da ZeniMax Media em 2020.
A redução da criatividade no mercado pode vir também da consolidação, com a Microsoft a conseguir atrair a maior parte dos talentos e a deixar os rivais ‘secos’ e impedidos de aceder aos criativos de topo. Para o segmento, este cenário pode trazer redução de salários, limitar a mobilidade e piorar as condições de trabalho.
O processo de aquisição ainda aguarda luz verde por parte dos reguladores, que terão em consideração estas e outras queixas semelhantes.