Private Browsing no Safari ou no Firefox e Modo Incognito no Chrome são os modos de navegação privada que estes browsers oferecem aos utilizadores. Com esta funcionalidade ativa, o navegador não mantém registo dos sites visitados, não guarda as páginas em cache, nem regista a informação de cartões de crédito ou moradas. Mas peritos em privacidade online explicam agora que estas sessões anónimas podem não ser suficientes para impedir totalmente a monitorização do utilizador.
A discussão surgiu nos EUA, com a reversão da decisão sobre o aborto e com eventualidade de as mulheres que escolherem interromper a gravidez em estados onde tal é agora ilegal poderem ver os seus dados de navegação e pessoais a ser usados contra si mesmas.
Os modos privados dos browsers ajudam os utilizadores a proteger a sua atividade web de outras pessoas com quem partilhem o dispositivo de acesso à Net, mas não servem de muito mais além desse ‘escudo’ local. Albert Fox Cahn, diretor executivo do Surveillance Technology Oversight Project, afirma que “podem ser úteis, por exemplo, para miúdos trans e queer que estejam com medo de ser monitorizados pelos pais ou para pessoas que estão numa situação em que não conseguem separar de forma segura o acesso ao computador com outras pessoas”, cita a CNN.
Os navegadores têm vindo a adicionar também funcionalidades para evitar a recolha de cookies por parte dos sites, sem que o utilizador tenha de ter conhecimentos muito avançados. No Safari há uma funcionalidade Intelligent Tracking Prevention que limita a monitorização entre diferentes páginas, no Chrome os utilizadores são encorajados a bloquear os cookies de terceiros mesmo no modo Incognito e o Firefox inclui também a Total Cookie Protection.
Alguns especialistas lembram que o modo privado dos browsers também não bloqueia o endereço IP, permitindo monitorizar a localização geográfica do utilizador. Eric Rescorla, responsável técnico da Mozilla, explica que “se um empregador detém o computador, pode colocar qualquer tipo de software de monitorização na máquina e podem medir tudo o que se faz” e a Google realça que “mesmo em Modo Incognito, a atividade do utilizador pode ser visível aos websites que visita, ao seu empregador ou escola e ao seu fornecedor de Internet”.
Os utilizadores ciosos de manter a sua privacidade devem, além de optar pelos modos privados, navegar através de VPNs que os tornam mais anónimos online ou recorrer a browsers como Tor, uma opção que utiliza diversos servidores intermediários que dificultam a monitorização completa.