O governo polaco é acusado de ter usado o spyware Pegasus para espiar os oponentes políticos. A confirmarem-se as acusações, trata-se de uma “crise para a democracia”, apelidou Donald Tusk, o líder da oposição naquele país. O ‘Watergate Polaco’ foi revelado na semana passada, depois de uma organização de cibersegurança ter revelado que há indícios do uso do software Pegasus para espiar as comunicações de figuras proeminentes rivais do governo atual.
“Isto não tem precedente na nossa história. Esta é a maior, mais profunda crise para a nossa democracia desde 1989”, afirmou Donald Tusk, na mesma altura em que pediu um inquérito parlamentar sobre as acusações de que o Pegasus tenha sido usado contra o membro do seu partido Krzystof Brejza, que coordenou a sua campanha eleitoral em 2019, noticia a BBC.
A denúncia da utilização do Pegasus partiu do Citizen Lab, uma organização canadiana, que elencou mais figuras que terão sido espiadas através dos respetivos telemóveis. O código malicioso, desenvolvido pelos israelitas do NSO Group, permite ler as mensagens do telemóvel, ver as fotografias aí guardadas, reporta a sua localização e possibilita que se ligue a câmara remotamente, sem conhecimento do utilizador.
Os órgãos de comunicação social polacos apressaram-se a retratar o caso como o Watergate Polaco, numa referência ao escândalo dos EUA com o mesmo nome e que conduziu à saída de Richard Nixon em 1974.
O primeiro-ministro polaco Mateusz Morawiecki afirmou não ter conhecimento desta utilização e referiu que, se se confirmasse, poderia tratar-se da atuação de serviços secretos estrangeiros.