O órgão legislativo russo está a avaliar a aplicação de multas para cidadãos particulares e empresas que usem serviços da OneWeb, da SpaceX ou de outra empresa do Ocidente que ofereça acesso à Internet via satélite. O objetivo das autoridades russas é evitar que a população nacional procure estas alternativas e fomentar a utilização do serviço próprio, o Sphere, que ainda está a ser desenvolvido.
A edição russa da Popular Mechanics explica que as multas oscilam entre os 10000 e 30000 rublos para cidadãos privados (entre 120 e 390 euros) e os 500000 e um milhão de rublos (6500 a 13000 euros) para as empresas. Um dos motivos que pode estar por trás da proibição deste tipo de acessos passa também pelo facto de que, ao aceder via estes satélites, os utilizadores conseguiriam contornar o System of Operational Search Measures russo, ou seja, o sistema de controlo e monitorização de utilização de Internet e de comunicações móveis do país, lembra o ArsTechnica.
Recorde-se também que a Rússia tem sido bastante ativa nas críticas à SpaceX e o responsável pelo programa espacial do país, Dmitry Rogozin, já afirmou que a rede Starlink é um esquema para fornecer as Forças Especiais dos EUA com capacidade de comunicações interruptas. A Starlink foi descrita em agosto como “uma política predatória, inteligente, poderosa e de tecnologia de ponta dos EUA para avançar, antes de mais, os seus interesses militares”.
A inclusão da OneWeb nesta lista de eventuais entidades proibidas é intrigante no sentido em que a empresa recorre ao foguetão russo Soyuz para quase todos os seus lançamentos e o investimento da empresa tem ajudado o programa espacial russo.
A Rússia não quer perder esta corrida e está a planear lançar a sua própria constelação, conhecida por Sphere. Ainda não há confirmações oficiais, mas os primeiros satélites deste projeto com 20 mil milhões de dólares de orçamento podem ser lançados em 2024. Em comparação, a Roscosmos, agência espacial russa, tem um orçamento anual de 2,4 mil milhões de dólares.