A rainha de Inglaterra vai ler a sua tradicional mensagem de Natal e o vídeo oficial vai ser difundido na BBC e na ITV. O Channel 4, no entanto, vai apostar numa mensagem paralela, na qual uma representação realista da rainha aparece num vídeo adulterado e criado com tecnologia deepfake. O objetivo é servir de alerta sobre o advento das notícias falsas e dos conteúdos digitais falseados. A tecnologia deepfake, recorde-se, pode ser usada para criar mensagens convincentes e com aparência de serem reais, podendo ser empregue também para espalhar desinformação.
Ninguém do Palácio de Buckingham quis tecer comentários sobre esta iniciativa. Sabe-se que parte do vídeo deepfake vai mostrar uma participação num concurso viral de dança no TikTok. No vídeo falseado, vamos poder ver a ‘rainha’ a fazer piadas sobre temas controversos, como a decisão dos Duques de Sussex de saírem do Reino Unido ou sobre o abandono de funções do Duque de Iorque. Um correspondente da BBC, que já viu o vídeo, revela que não é particularmente impressionante, lembra que existem várias imitações da rainha a circular e explica que a voz neste deepfake é assegurada pela atriz britânica Debra Stephenson.
O vídeo deepfake foi criado pela Framestore, um estúdio de efeitos virtuais já galardoado com um Óscar.
Os vídeos deepfake começaram a ganhar notoriedade em 2017, quando especialistas conseguiram usar tecnologia para trocar o rosto de uma pessoa por outra, de forma realista e convincente. Agora, há apps disponíveis para os utilizadores e que permitem carregar apenas uma foto para substituir realisticamente o rosto, por exemplo, de um ator famoso. No início do ano, a Microsoft lançou uma ferramenta que consegue detetar vídeos deepfakes, mas especialistas alertam que esta poderá ser rapidamente ultrapassada pelos avanços na tecnologia de criação.
De recordar que também já há celebridades portuguesas vítimas de deepfakes, como a Exame Informática revelou recentemente.