A Web Summit, aquela que é uma das maiores conferências mundiais dedicadas à tecnologia e inovação, arrancou oficialmente nesta quarta-feira, a partir de Lisboa, com os já habituais discursos de abertura. Naquela que é a primeira edição totalmente digital do evento, as mensagens gravadas dos intervenientes convergiram todos num ponto – a Web Summit pode ser a linha de partida para a discussão e aposta em ideias que ajudem a criar um mundo melhor no período pós-pandemia. Mas pelo meio houve tons e mensagens diferentes.
Do lado de Portugal, o primeiro-ministro António Costa sublinhou as conquistas do País num ano difícil, com destaque para a captação de “23 grandes investimentos” em áreas como os serviços tecnológicos e as indústrias eletrónica, automóvel e aeroespacial. “2020 não é apenas o ano da pandemia, é o ano em que Portugal saltou para a liga dos campeões da inovação”, disse, referindo-se à classificação de “forte inovador” atribuída a Portugal, em junho, pelo European Innovation Scoreboard (EIS 2020).
“O mundo pós pandemia vai ser diferente, depende de nós garantir que vai ser melhor”, sublinhou ainda António Costa.
Já Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, salientou como a Web Summit “ajudou significamente a posicionar Lisboa como uma das mais prósperas capitais mundiais para startups”.
Mas a ‘cabeça de cartaz’ do arranque oficial do evento foi a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que apesar de também ter alinhado num discurso otimista, não escondeu que a Europa está, neste momento, a batalhar para corrigir erros do passado.
Europa, o lugar para crescer
“Ainda estamos a ter um desempenho abaixo das nossas capacidades”, admitiu von der Leyen, no seu discurso de abertura. Uma grande desigualdade no acesso a infraestruturas tecnológicas, um baixo nível de formação em conhecimentos digitais, um baixo investimento em projetos e a complexidade burocrática deixaram, segundo a responsável máxima da Comissão Europeia, o bloco europeu atrás de outros grandes blocos político-económicos. “Muitas startups saíram [da União Europeia] para crescer”, recordou.
Mas a mentalidade para o futuro é diferente. “Estamos a mudar para que a década de 2020 possa finalmente ser a década da Europa digital”, acrescentou. As novas políticas europeias de investimento estão a ajudar as startups locais a crescer – o seu valor aumentou, em conjunto, quatro vezes nos últimos cinco anos – e a Europa é atualmente a principal fonte de talento numa área considerada como estratégica, a da Inteligência Artificial, segundo a presidente da CE. “E há mais engenheiros de software aqui do que nos EUA”, defendeu ainda.
É por isso que von der Leyen acredita que “a Europa tem todo o potencial para ser um líder global na próxima vaga da transformação digital” e para isso vai ser essencial o novo pacote regulatório que está a ser preparado – por um lado, para garantir uma atuação justa e concorrencial das grandes tecnológicas, por outro para garantir que há condições de investimento e crescimento para as startups europeias se poderem tornar em gigantes mundiais.
“Quero que a Europa seja um lugar onde os inovadores possam prosperar e as startups possam ser gigantes”, defendeu Ursula von der Leyen.