Sundar Pichai, diretor executivo da Google e da Alphabet, empresa dona da tecnológica, e Thierry Breton, comissário europeu para o Mercado Interno, tiveram no final da semana passada a sua terceira videoconferência do ano, na qual discutiram, entre outros temas, um documento interno que foi tornado público e que detalha um plano da Google em obter aliados americanos contra o comissário e a forma como as tecnológicas poderiam responder às exigências de maior regulação que a Comissão Europeia está a preparar.
Depois da reunião, Breton admitiu que não foi apanhado de surpresa e que não é ingénuo. “Sim, tive uma discussão com o Sundar… Disse-lhe o que tinha de lhe dizer. Ele desculpou-se. Disse-lhe que se tivesse alguma coisa para me dizer, a minha porta estaria sempre aberta”, revelou o comissário, citado pela agência de notícias Reuters. Por outro lado, uma fonte próxima do tema avança que Pichai pediu desculpa pela forma como o documento foi tornado público – que ele não tinha visto ou aprovado – e que admitiu que falaria com Breton diretamente sobre os temas da Google.
Este incidente sublinha bem o clima de lóbi intenso que algumas empresas de tecnologia praticam sobre as novas propostas da União Europeia, que visam uma maior regulação e que, em muitos casos, implicam uma mudança radical sobre a forma como estas empresas atuam.
“A Internet não pode permanecer um ‘faroeste’: precisamos de regras claras e transparentes, um ambiente previsível e um equilíbrio entre direitos e obrigações”, disse Thierry Breton a Sundar Pichai.
A nova legislação específica para este setor vai ser apresentada a 2 de dezembro em conjunto com a vice-presidente da CE, Margrethe Vestager, e detalha as regras que obrigam as empresas online a partilhar dados com rivais e reguladores, e a não promoverem os seus serviços e produtos de forma injusta.
“A posição da Europa é clara: todos são bem-vindos ao continente, desde que respeitem as nossas regras”, avisou Breton.