A NOS anunciou recentemente uma nova oferta residencial de Power Wi-Fi, pensada para melhorar a qualidade e o alcance do Wi-Fi em toda a casa de forma simples. Para tal, realizou uma parceria com a Plume, uma empresa de Silicon Valley que disponibiliza a tecnologia Adaptive Wi-Fi, que recorre a algoritmos de Inteligência Artificial na cloud para otimizar o desempenho da rede e adaptar a qualidade da ligação à necessidade de cada equipamento. Entrevistámos, por email, Niall Robinson, Head of Global Strategic Accounts da Plume, para perceber melhor a tecnologia da empresa.
Exame Informática: De um ponto de visto tecnológico, como funciona a oferta da Plume para o mercado de consumo?
Niall Robinson: O Wi-Fi Adaptativo da Plume é uma tecnologia baseada na cloud que aprende a otimizar a rede doméstica do cliente a partir da utilização dos dispositivos, meio ambiente e interferência da vizinhança, para fornecer uma experiência de ligação fiável. Através da colocação dos Pods nas paredes interiores da casa, o sinal Wi-Fi é transmitido para o exterior para chegar aos dispositivos que se encontram nas zonas mais desafiantes do lar. A acrescentar ao Wi-Fi Adaptativo, oferecemos serviços adicionais, como: HomePass, controlos parentais, AI Security e Plume Motion, que ainda não está disponível em Portugal. As funcionalidades do HomePass garantem que é fácil gerir o acesso à rede e ao conteúdo que é consumido por todos os utilizadores da casa. O nível de flexibilidade fornecido pelo HomePass melhora a segurança da rede ao limitar o acesso de dispositivos partilhados na rede a partir de palavra-passe, segregando dispositivos menos confiáveis através de uma palavra-passe diferente, da limitação do acesso à rede e da fácil criação de passwords para convidados. A AI Security é um conjunto de funcionalidades evolutivas que protege a rede e os seus utilizadores do sempre crescente número de ciberataques. Tem várias componentes que protegem toda a rede acessível através de uma interface simples na app Plume.
Quais são as vantagens do Wi-Fi Adaptativo quando comparado com soluções Mesh ou Powerline+Mesh de marcas como Google, Asus, Devolo, Fritz, TP-Link, etc. e de tecnologias como MU-MIMO, Band Steering e afins?
Os sistemas Mesh tradicionais são concebidos para se coordenarem entre nós Mesh para aumentar o alcance do Wi-Fi, permitindo-lhes chegar ao gateway da Internet. Este foco ignora em grande parte as necessidades de routing de dispositivos conectados. Não endereça o desempenho dos dispositivos ou capacidade da rede, resultando em baixa qualidade de experiência (QoE, de Quality of Experience). A estratégia da Plume é bastante diferente. Damos prioridade ao QoE do utilizador e do dispositivo. Para alcançar isto, otimizamos o desempenho da rede através do encaminhamento de dispositivos para outros Pods na rede, a que referimos como auto-otimização. Esta otimização pode ocorrer quando a rede tem interferências ou quando as aplicações exigem mais ‘carga’ da rede. Os ganhos do MU-MIMO são mínimos com os atuais routers 11ac, já que operam no mesmo canal do mesmo rádio, enquanto a Plume lida com múltiplos canais não interferentes, aumentando a capacidade. A Plume também utiliza band-steering; contudo, os nossos algoritmos preveem as necessidades da rede e dos dispositivos a partir do comportamento passado dos clientes e das redes que possam interferir. Acredito que as famílias portuguesas que irão usar o novo Power Wi-Fi com a nossa tecnologia irão aperceber-se rapidamente da diferença no QoE.
Quando diz que a vossa solução é baseada em cloud e em Inteligência Artificial, o que é que isso significa na prática?
Há um benefício direto para o cliente de uma arquitetura de Wi-Fi Adaptativa baseada em cloud. Primeiro, novos serviços e atualizações geridos na cloud podem ser entregues de forma mais rápida através da app Plume. Segundo, como o Wi-Fi Adaptativo utiliza algoritmos e machine learning para auto-otimizar a rede, os clientes podem ver mais velocidade e fiabilidade na largura de banda. Utilizamos a Inteligência Artificial de diferentes modos. É o que permite ao nosso Wi-Fi Adaptativo decidir que dispositivos associar a um Pod na casa e contribui para o desempenho das aplicações. E, claro, também é tecnologia que serve de base aos nossos serviços de AI Security. A nossa proteção aos dispositivos de toda a casa vai da deteção de intrusões à remediação e isolamento, que identifica dispositivos na rede que possam estar em risco e isola-os até a ameaça estar resolvida, protegendo, assim, toda a rede doméstica.
Como garantem a privacidade dos dados que os vossos sistemas baseados em cloud recolhem para análise?
A Plume leva a privacidade dos seus clientes muito a sério. Os dados são totalmente anonimizados para que dados pessoais nunca sejam usados nos algoritmos e sim apenas informação encriptada. Usamos os dados dos equipamentos da navegação online numa forma anónima para otimizar a rede e garantir o melhor acesso para os equipamentos e utilizadores mais exigentes. Por exemplo, a Plume pode interpretar o tráfego gerado por uma consola de jogos ou uma televisão ligada a um serviço de streaming para dar prioridade a esse equipamento. Além disso, em outras funcionalidades, como segurança online ou filtros de conteúdos, a Plume usa informação de tráfego para fornecer estes serviços. Se um cliente quer aumentar a sua privacidade, tem a opção de ativar o Modo Privado na app Plume que restringe funcionalidades que usam dados da navegação. Mesmo que o cliente perca algumas das nossas funcionalidades importantes de segurança, deixamos essa decisão ao critério dele. A Plume é uma empresa que cumpre o RGPD e reconhece os direitos dos clientes. A NOS e a Plume assinaram acordos de proteção de dados que asseguram que a Plume cumpre a legislação portuguesa e regulamentação local.