A TikTok está debaixo dos holofotes nos EUA, depois de Trump ter anunciado a proibição de qualquer transação com o serviço após 15 de setembro. O presidente americano aceita aliviar as ‘sanções’ apenas se a Microsoft ou outra empresa comprar a operação da rede social nos EUA, separando-a da esfera de influência chinesa e garantindo a privacidade e segurança dos dados dos utilizadores. Agora, a Reuters explica que, apesar do caminho da separação tecnológica da ByteDance já ter começado há algum tempo, ainda poderá demorar um ano a estar concluído.
A TikTok funciona e é tecnicamente semelhante ao serviço Douyin, também da ByteDance, e que está disponível apenas na China. A rede social partilha ainda outros recursos técnicos com outros produtos da empresa-mãe. No entanto, a separação tecnológica já começou a ser feita há alguns meses porque a estratégia passava mesmo pelo afastamento da China, como forma de afastar suspeitas e permitir a existência mais pacífica noutros mercados.
O código da app já está isolado do código da Douyin, mas há ainda código de servidor partilhado entre vários serviços. Este último é o que garante o armazenamento de dados, os algoritmos para a moderação e recomendação de conteúdos e ainda a gestão de perfis de utilizadores.
A compra da Microsoft poderá avançar rapidamente, mas a empresa de Redmond vai ter de se basear e usar o código da ByteDance durante os próximos meses para migrar o serviço do TikTok para uma nova infraestrutura, de forma a garantir o serviço sem interrupções, segundo o especialista em cibersegurança Ryan Speers, da River Loop Security.
Outro desafio que se coloca à Microsoft refere-se à transferência do algoritmo ou motor que alimenta a funcionalidade ‘For You’ da TikTok, ou seja, o sistema de recomendações de qual o próximo vídeo a visualizar pelo utilizador, o que é considerado a “receita do sucesso” do serviço. Os algoritmos de recomendação estão separados dos da Douyin e têm em conta os conteúdos e informação dos utilizadores para funcionar da forma como funcionam. A complicação aqui prende-se com a necessidade de se ter de segmentar o algoritmo, mas também os dados que o alimentam, algo que é considerado uma tarefa bastante complexa.
Por fim, a decisão de que a aquisição vai implicar as operações no Canadá, Nova Zelândia e Austrália vai complicar os trabalhos, com a necessidade de haver uma separação regional de um grande conjunto de dados que estão interligados.
A TikTok já afirmou no passado que estes dados estão alojados nos EUA, com uma cópia de segurança em Singapura.