“Dizer que [as pessoas] não podem sair das suas casas e que serão detidas se o fizerem, isto é fascista. Isto não é democrático, isto não é liberdade, devolvam às pessoas a sua maldita liberdade”. Esta é a declaração de Elon Musk, diretor executivo da Tesla, dita nesta quinta-feira durante uma conferência com analistas e que está a causar bastante polémica. Junte-se a isto as mais recentes publicações do multimilionário sul-africano no Twitter e Elon Musk está contra as medidas de confinamento adotadas nos EUA contra a Covid-19.
“Eu chamaria [as medidas de confinamento] de ‘prender à força as pessoas nas suas casas’ contra todos os seus direitos constitucionais, na minha opinião, é tirar a liberdade às pessoas de forma horrível e errada e não é por isso que as pessoas vêm para América ou construíram este país”, acrescentou ainda. “É um ultraje”, disse também na conferência.
Já antes da polémica declaração feita na conferência com os analistas, Elon Musk tinha escrito no Twitter “libertem a América agora”, uma mensagem que tinha dividido os internautas: estaria a ser irónico relativamente àquela que tem sido a postura de Donald Trump, presidente dos EUA, para a reabertura, o quanto antes, das atividades económicas do país?; ou estaria mesmo Elon Musk a apoiar o fim das medidas de confinamento e abertura das atividades económicas?
Se os restantes tweets do sul-africano servirem de indicador, então Elon Musk está mesmo contra as regras de confinamento. “Bravo Texas”, escreveu na partilha de um artigo que dava conta da reabertura de restaurantes, retalhistas e outros negócios no estado do Texas. Já depois das declarações polémicas sobre o atual estado de confinamento, Elon Musk partilhou ainda alguns dados sobre a taxa de ocupação dos hospitais na Califórnia e disse que “os hospitais na Califórnia têm estado meio vazios este tempo todo”.
Já no início de março, Elon Musk tinha dito: “O pânico do coronavírus é parvo”. De acordo com a plataforma Worldmeters, a Covid-19 já matou mais de 228 mil pessoas a nível global e infetou mais de três milhões de pessoas.
Apesar da opinião de Elon Musk, os números da pandemia provocada pela Covid-19 nos EUA são claros: mais de um milhão de pessoas infetadas por SARS-CoV-2 e quase 62 mil mortes já registadas. Os valores tornam os EUA no país com os números mais graves e preocupantes na luta contra a Covid-19, sendo por larga margem a nação com o maior número de casos infetados e também de mortes.
A própria Tesla, liderada por Elon Musk, foi uma das muitas gigantes norte-americanas que doaram máscaras e viseiras para os trabalhadores da área da saúde quando a pandemia começou a acelerar nos EUA, no final de março, e a tecnológica até começou a produzir ventiladores para distribuir por hospitais em todo o mundo, de forma totalmente gratuita, como assegurou o próprio Elon Musk na rede social Twitter no dia 31 de maio.
A Tesla anunciou esta semana os resultados do primeiro trimestre do ano, tendo alcançado receitas de 5,98 mil milhões de dólares, cerca de 5,49 mil milhões de euros à taxa de câmbio atual, e lucros de 16 milhões de dólares, cerca de 14,7 milhões de euros. Mas além de ter parado a linha de produção em Shangai, na China, por duas semanas, a empresa também teve de parar a produção de carros nos EUA como consequência das regras de confinamento definidas no combate à Covid-19, o que pode afetar o desempenho da empresa no segundo trimestre.
De recordar que Elon Musk assinou, em 2018, um acordo de objetivos com a administração da Tesla, que têm em conta metas de capitalização em bolsa, receitas totais da empresa e lucros – à medida que as metas forem cumpridas, Elon Musk é diretamente recompensado, num pacote que lhe pode render 55 mil milhões de dólares nos próximos dez anos, segundo a publicação Forbes.